Intervenção federal na segurança do Rio custou R$ 1,2 bilhão e foi comandada por Braga Netto
Operação deflagrada nesta terça-feira (12) apura suspeita de fraude em verba destinada à época. Interventor não é alvo de mandados de busca e apreensão, mas é investigado
A intervenção federal na segurança do Rio, em 2018, custou R$ 1,2 bilhão e foi comandada pelo general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro. O comando foi recebido pouco tempo depois da Olimpíada do Rio, quando atuou como coordenador geral da Assessoria Especial para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. À época de sua posse, sua atuação foi elogiada pelo ministro da Defesa Raul Jungmann a e apreensão nos estados do Rio, de São Paulo, de Minas Gerais e no Distrito Federal. Braga Netto não é alvo dos mandados cumpridos. O g1 afirmou que ele teve o sigilo telefônico quebrado pela Justiça.
Após ser escolhido interventor, o general Braga Netto anunciou, em sua primeira entrevista, a criação de um gabinete que funcionou no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro do Rio. Ele também defendeu um choque de gestão na segurança. Ele afirmou que atacaria dois principais gargalos na área: a falta de efetivo e o sucateamento da frota. Braga Netto também falou em fortalecer as corregedorias. “Vamos tomar todas as medidas necessárias para que o bom policial seja valorizado, e o mau profissional seja penalizado”, afirmou à época.
A intervenção durou quase todo o ano de 2018 — de fevereiro a dezembro —, quando a segurança pública do Rio ficou a cargo das Forças Armadas, após um decreto do então presidente Michel Temer. Naquele ano, Luiz Fernando Pezão estava no governo do Estado do Rio de Janeiro.
Com a nomeação, Braga Netto anunciou oficialmente o general Richard Nunes como o titular da pasta. O chefe de gabinete da intervenção foi o general Mauro Sinott. Ao assumirem o controle da segurança, os militares podiam atuar no patrulhamento das ruas e fazer prisões, sempre dentro dos mesmos limites legais que regem a atuação policial.
Quem é Braga Netto
Braga Netto assumiu o CML em setembro de 2016, depois que o general Fernando Azevedo e Silva deixou o posto e assumiu o Estado-Maior. O comando foi recebido pouco tempo depois da Olimpíada do Rio, quando atuou como coordenador geral da Assessoria Especial para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. À época de sua posse, sua atuação foi elogiada pelo então ministro da Defesa Raul Jungmann.
De 2020 a 2021, foi ministro-chefe da Casa Civil. Logo após, de 2021 a 2022, assumiu o cargo de ministro da Defesa. Braga Netto também foi vice na chapa de Jair Bolsonaro no pleito presidencial de 2022. Agora, uma articulação do PL tenta lançar o general à prefeitura do Rio em 2024.
Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o general, ao longo de sua carreira, comandou o 1º Regimento de Carros de Combate e foi chefe do Estado-Maior da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada e do Comando Militar do Oeste. Também comandou a 1ª Região Militar (Região Marechal Hermes da Fonseca).
Além da atuação no Rio de Janeiro, o general integrou a ação que envolveu as Forças Armadas na crise da segurança no Espírito Santo, em fevereiro de 2017. Na ocasião, foi realizado um reforço na segurança em municípios do estado devido ao aumento da violência, batizada de operação Capixaba. O emprego das Forças Armadas naquela época foi uma resposta à paralisação da PM naquele estado. Reivindicando melhores condições de trabalho, parentes de policiais militares acamparam em frente aos batalhões, “impedindo” a saída dos agentes de segurança.
"Cumprimos a missão"
Em dezembro de 2018, na solenidade de encerramento da intervenção, Braga Netto afirmou que intervenção começou quando o estado atravessava um período de crise ética, política e econômica: “Trilhamos um caminho difícil e incerto, mas cumprimos nossa missão”.