Argentina

Economistas argentinos fazem apelo contra dolarização: 'Miragem'. Arminio Fraga também critica

Em carta pública, especialistas afirmam que miopia e desespero poderiam levar país a 'falso atalho'

Mulheres passam em frente à casa de Câmbio em Buenos Aires - Luis Robayo/AFP

Economistas argentinos chamaram a proposta de dolarização do candidato presidencial Javier Milei de “miragem” e alertaram que a medida geraria um novo conjunto de desafios para o país já à beira do caos econômico.

O país não tem a quantidade necessária de dólares e os esforços para aumentar as reservas implicaria aumentos “absurdos” da dívida, comprometendo ainda mais as finanças públicas, escreveram dezenas de economistas proeminentes em carta pública.

Em paralelo, os ex-presidentes dos bancos centrais brasileiro e mexicano, Arminio Fraga e Guillermo Ortiz, assim como o ex-ministro das Finanças do Chile, Andres Velasco, criticaram duramente a proposta de dolarização em evento realizado na semana passada.

Ortiz disse que a medida não conseguiria resolver “problemas estruturais”, enquanto Fraga disse que “parece uma solução mágica”.

Adotar o dólar não faz sentido dadas as complexidades da economia argentina e o fato de estar pouco ligada aos EUA, escreveram os economistas argentinos em carta.

Embora a promessa de uma moeda estável gere esperança, “a experiência internacional e a situação da nossa própria economia indicam que a proposta em questão está longe de ser uma panaceia e que, pelo contrário, poderá gerar múltiplas dificuldades para o nosso desempenho imediato e futuro”, escreveram.

O candidato à presidência de extrema-direita Javier Milei, que aparece à frente nas pesquisas eleitorais, reagiu à carta publicando em rede social que esses economistas “foram derrotados nas salas de aula e também nos fatos relacionados ao combate à inflação”. E que eles se opõem ao que Milei chamou de solução para um “esquema monetário”.

Na carta, os economistas argentinos escreveram que o país enfrenta desafios que incluem a inflação galopante, a instabilidade e o aumento da pobreza.

“Não permitamos — por miopia e desespero — que a difícil situação em que nos encontramos nos encoraje a tomar um falso atalho que só levaria a frustrações novas e mais dramáticas”, escreveram.