ONU pede 'revolução' para descarbonizar setor da construção civil
O setor é responsável por 37% das emissões globais de CO2
O setor da construção civil, responsável por 37% das emissões globais de CO2, deve iniciar uma "revolução" para utilizar menos concreto e mais biomassa local, ou matérias-primas recicláveis, instou a ONU em um relatório publicado nesta terça-feira (12).
É necessário "haver uma redução espetacular" no volume de concreto utilizado, mas esta diminuição será "gradual", afirmou Anna Dyson, coautora do relatório e diretora do centro de ecossistemas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, em entrevista por telefone à AFP.
A proporção de concreto na construção global terá de ser reduzida à metade entre 2020 e 2060 para que a descarbonização do setor seja efetiva, indica o informe publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, na sigla em inglês), em conjunto com a Universidade de Yale e com cerca de 60 pesquisadores e arquitetos de todo o mundo.
Ainda segundo a análise, dois terços do concreto restante deveriam ser "circulares", ou seja, provenientes da reciclagem, reutilização, ou compostos por cimentos de baixo carbono.
Atualmente, "os prédios são, de longe, o principal emissor de gases com efeito estufa, responsáveis por pelo menos 37% das emissões globais" de CO2, indica o relatório.
"Trata-se de iniciar uma espécie de revolução de volta ao passado", segundo Dyson, para descarbonizar o setor e construir "mais rápido".
Até meados do século XX, os materiais tinham origem, principalmente, nas fontes renováveis, biológicas, inorgânicas (madeira, pedra), ou na agricultura (palha, cânhamo) e, em muitos casos, eram locais, observa o relatório.
"Faz apenas algumas décadas que a maioria dos materiais de construção provém de processos extrativos, tóxicos e não renováveis", completou a diretora.