CPI do 8 de janeiro reage após Nunes Marques autorizar ausência de ex-diretora ligada a Torres
Ministro do STF concedeu habeas corpus a Marilia Alencar, suspeita de ter participado do planejamento dos bloqueios no segundo turno
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques em conceder um habeas corpus para a ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e ex-subsecretária do Distrito Federal, Marília Alencar, gerou mal-estar na CPI do 8 de janeiro. Com a canetada do magistrado, a ex-funcionária de Anderson Torres foi liberada de prestar depoimento no colegiado, o que gerou reação de parlamentares da base e da oposição.
Com a autorização pela ausência, o depoimento que havia sido marcado para esta terça-feira foi suspenso e substituído pelo o da policial militar do DF Marcela da Silva Morais Pinno, que sofreu agressão durante os ataques. O repúdio ao ministro se iniciou no momento em que o presidente Arthur Maia (União-BA) comunicou a decisão de Nunes Marques.
Em seguida, o próprio deputado e a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) fizeram críticas:
— Esta Casa já recorreu, tem parecer favorável do Ministério Público Federal e mesmo assim o ministro não toma nenhuma atitude (...) isso é muito grave, eu acho que essa comissão tem que tomar providências de forma mais enérgica. A decisão veio obstruir os trabalhos desta relatoria — disse a senadora em comissão.
Outros integrantes da CPI se manifestaram pelas redes sociais contra o magistrado. Da oposição, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que o STF boicotou os trabalhos.
— Infelizmente o Supremo teima em interferir nos trabalhos do legislativo — disse o apoiador de Jair Bolsonaro (PL).
O senador Marcos Rogério (PL-RO) acompanhou o movimento de críticas. "Foi concedido à depoente o direito de não vir à CPMI. É a primeira vez que isso acontece numa Comissão Parlamentar de Inquérito. Absurdo!", escreveu o parlamentar em seu Twitter.
As investigações
Convocada para depor na CPI, Marília Alencar é investigada pela Polícia Federal por suspeita de ter planejado os bloqueios de estrada que ocorreram no segundo turno das eleições. Ela teria elaborado uma planilha com as localidades em que Lula e Bolsonaro tiveram as maiores votações na primeira disputa — a maior parte das blitzes se concentraram em regiões em que o petista obteve vantagem.