O pernambucano Silvio Costa Filho no pódio da Esplanada
O deputado nunca imaginou que, em tão pouco tempo, aos 41 anos de idade, viesse a despachar como ministro da Esplanada dos Ministérios, a partir de hoje, em Brasília
Saindo do mandato de vereador do Recife, sua estreia na vida pública em 2005, Silvio Costa Filho nunca imaginou que em tão pouco tempo, aos 41 anos de idade, viesse a despachar como ministro da Esplanada dos Ministérios, a partir de hoje, em Brasília, quando toma posse como comandante-mor da pasta de Porto e Aeroportos.
Não haverá um ato de posse, como de praxe, apenas a passagem de cargo do atual ministro Márcio França, marcada para às 15 horas, no auditório do Ministério. O ato, entretanto, será muito prestigiado não apenas pelo mundo político de Brasília, mas também de correligionários que virão de Pernambuco, Estado que Silvio também foi deputado estadual e atualmente representa na Câmara como deputado federal em segundo mandato.
Para aliados de França, a transição não deve ter entraves, já que os dois políticos mantêm uma boa relação. A estratégia do entorno do ministro é sinalizar que a boa convivência entre os dois fará da gestão de Costa Filho uma continuidade do trabalho. França será realocado na pasta que será criada para se dedicar às políticas para pequenos empreendedores.
Na reforma ministerial, Silvio Costa Filho entra na cota do Republicanos, enquanto André Fufuca (Progressistas), que assume a vaga de Ana Moser, no Ministério do Esporte, representa o Centrão. A demissão de Ana Moser foi alvo de críticas ao governo. Além do fato de ser um quadro técnico sendo substituído por um político do Centrão, Moser é a segunda mulher sacrificada no primeiro escalão em oito meses, o que fez o governo perder o recorde de ministras mulheres que tinha alcançado no começo da gestão.
No caso, Lula já havia atendido a um pedido do União Brasil e substituiu Daniela Carneiro pelo ministro Celso Sabino na pasta do Turismo. Na véspera da sua chegada ao poder, Silvio Filho sinalizou a aliados, ontem, que não vai rediscutir a privatização do Porto de Santos e buscará ser “ponte” entre o governo federal e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Um interlocutor de França disse que há um acordo para que Costa Filho dê continuidade às obras relacionadas ao novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o litoral. Entre as obras estão o túnel Santos – Guarujá, passagem terrestre de 800 metros entre os municípios; aprofundamento do canal para até 17 metros para receber navios de maior porte; além da reforma da avenida perimetral da margem direita ao porto, local importante para escoamento.
Ao se posicionar contra a privatização do porto de Santos, o novo ministro contraria o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, colega de partido, que tem a concessão do porto à iniciativa privada como uma de suas principais bandeiras. Desde a campanha para o governo de São Paulo, no ano passado, Tarcísio tem defendido que a privatização do porto “vai gerar milhares de empregos”.
Eleito governador, ele chegou a se reunir com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para discutir o assunto, mas encontrou a resistência à proposta no ministério comandado por Márcio França, que tem base eleitoral em São Vicente, na Baixada Santista. O ministro afirmou, em julho, que Tarcísio estaria propenso a abandonar a ideia de privatizar o porto em troca de um acordo que garantiria o financiamento do governo federal a parte das obras do túnel Santos-Guarujá — o que é contestado por interlocutores do governador.
Com a troca de ministros, o governo federal mantém o posicionamento, ainda que o novo ministro seja do partido de Tarcísio. A nomeação de Silvio Costa Filho é vista, dentro do Republicanos, como uma indicação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e não do partido. O deputado está, inclusive, se licenciando da legenda para assumir o ministério.