Após maior alta mensal desde 1991, inflação na Argentina ultrapassa 124%
Alta dos preços no país foi de 12,4% em agosto contra o mês anterior
A inflação da Argentina em agosto registrou alta de 12,4% em agosto em relação ao mês anterior, segundo relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a maior alta mensal da inflação do país desde março de 1991.
Já o dado anual atingiu o patamar de 124,4% em agosto.
A alta mensal registrada em agosto representa um salto em relação ao crescimento da inflação nos últimos meses, que não ultrapassou os dois dígitos - maio teve alta de 7,8%, junho teve alta de 6% e julho fechou com alta de 6,3%.
“A inflação veio em linha com o esperado. É obviamente um dado horrível. Faz mais de 30 anos que a Argentina não via níveis de inflação mensal como esse de agosto. Nem mesmo em 2002 a inflação chegou a 12,4%”, disse Ignacio Labaqui, professor na universidade Católica Argentina e consultor na Medley Global Advisors.
O resultado de agosto é o primeiro desde a desvalorização da cotação do dólar oficial promovida pelo governo do presidente Alberto Fernández, que promoveu uma desvalorização de 20% da moeda local, que agora está em 350 pesos por dólar - menos da metade do valor do câmbio paralelo.
A desvalorização da cotação oficial foi em parte responsável pela alta de 15,6% nos preços de alimentos em agosto, o setor que registrou maior alta no país, mesmo após meses figurando entre os menos afetados pela alta na inflação.
“Para o mês que vem prevemos um piso de dois dígitos [para o crescimento da inflação] devido ao grande residual do mês. Os dados da primeira semana foram bastante ruins. No final do ano esperamos [a inflação] em 170%”, Nicolás Alonzo, economista do Orlando J. Ferreres Associados.