BRASIL

Recém-empossados, ministros do Centrão já negociam mais cargos e expansão nas pastas

André Fufuca (Esporte) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) foram oficializados em duas cerimônias

Posse dos ministros André Fufuca e Silvio Costa Filho - Ricardo Stuckert

Empossados ontem em cerimônia reservada, os novos ministros André Fufuca (Esporte) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) negociam a expansão da estrutura de ambas as pastas, consideradas até aqui pouco atraentes para acomodar PP e Republicanos, dois partidos do Centrão.

No Palácio do Planalto, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Fufuca e Costa Filho, ambos deputados federais licenciados, posaram para fotos pela manhã. Depois, participaram de outras solenidades nos respectivos ministérios.

No caso de Fufuca, o segundo evento contou até mesmo com a presença de bolsonaristas, um retrato do novo momento do governo. Na pasta do deputado do PP, a ideia é abrir espaço para conseguir abrigar mais aliados sem desalojar petistas que já foram beneficiados com a divisão de espaços após a transição.

Segundo interlocutores de Fufuca, há um acordo que prevê a criação de até sete secretarias e três diretorias. Uma dessas estruturas trataria de e-Games, enquanto outra deve ser dedicada aos esportes paralímpicos.

No caso de Portos e Aeroportos, o acordo, segundo parlamentares do Centrão, prevê que os cargos estaduais das Docas sigam sob os comandos atuais, negociados ao longo do ano. O gesto também seria compensado pela criação de novos espaços, ainda em fase de debate e negociação.

Entre as indicações que devem ser preservadas, por exemplo, está a de Jardel Rodrigues da Silva, indicado pelo MDB do Pará para comandar o porto do estado. Lúcio Gomes, irmão do senador Cid Gomes (PDT) e do ex-ministro Ciro Gomes, por sua vez, foi escolhido há um mês para comandar as Docas do Ceará. Da mesma forma, o ex-deputado estadual Ricardo Barbosa, do PSB, é quem comanda o porto da Paraíba.
 

Já em relação aos cargos indicados pessoalmente por Márcio França (PSB), antecessor de Silvio Costa, não há ainda definição.

O advogado Anderson Pomini, aliado do antecessor de Costa Filho, é quem comanda hoje o Porto de Santos, um dos cargos mais cobiçados da pasta. O espaço, desde que a negociação da reforma ministerial começou, é vista como um ativo para o colega de partido do novo ministro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Lula: "Satisfeito"
Ontem, Lula demonstrou otimismo com o novo formato da esplanada dos ministérios com os indicados dos dois partidos.

— Estou muito satisfeito com a conclusão que nós chegamos na montagem do governo — afirmou durante a cerimônia de posse dos novos ministros.

Após a posse com Lula, Fufuca afirmou que o Brasil tem um “esporte de qualidade quase zero”, frase que repercutiu entre atletas. Ele assumiu o comando da pasta no lugar da agora ex-ministra Ana Moser, medalhista olímpica.

Ele elogiou a antecessora, mas fez uma dura crítica.

— Principal objetivo e missão dada pelo presidente Lula é poder ter uma revolução no esporte nacional. E quando eu faço uma revolução, eu falo no começo, que é a democratização do esporte. Não podemos falar numa revolução esportiva, a partir do momento que temos disparidade entre o tratamento do esportista masculino e da esportista feminina. Não podemos falar de uma revolução esportiva no momento em que temos um esporte de qualidade quase zero no país — afirmou o novo ministro.

Mais tarde, já no ministério, o parlamentar licenciado do PP foi recebido por convidados para a transmissão do cargo, com a presença dos deputados Maurício de Souza (PL-MG) e Otoni de Paula (MDB-RJ). Em seu discurso, elogiou Lira e Lula. Também rebateu as acusações de que não entende da área que irá comandar.

— Não me digam que não conheço o setor do esporte. Aquilo que não sei, vou aprender — disse.

Já o novo ministro de Portos e Aeroportos, em solenidade na pasta, criticou o preço das passagens aéreas. Silvio Costa disse que vai trabalhar pela queda das tarifas e defendeu a redução do valor do querosene de aviação. O ministro disse que pretende iniciar conversas com o Planalto nos próximos dias para discutir uma solução. O preço é definido pela Petrobras.

— Vamos trabalhar para reduzir o preço das passagens aéreas — destacou o ministro, acrescentando que vai avançar com o programa Voa Brasil.

De saída do ministério, Márcio França fez um discurso resignado. França lutou até o fim para permanecer no cargo. Ele foi deslocado para o recém-criado Ministério de Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

— A gente entrega (o ministério) como entrega uma filha no altar — disse.