8 de janeiro

Moraes diz que advogado de réu do 8 de janeiro fez 'discursinho patético, medíocre'

Ministro diz que defensor fez 'discurso de ódio' pensando em uma carreira política

Ministro Alexandre de Moraes - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro Alexandre de Moraes fez duras críticas e ironias ao advogado Hery Kattwinkel, que defende Thiago de Assis Mathar, segundo réu a ser julgado pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

— É patético e medíocre que um advogado suba à tribuna do STF com um discurso de ódio com um discurso para postar depois nas redes sociais, porque veio aqui para agredir o STF, talvez pretendendo ser vereador no ano que vem.

Segundo o ministro, o defensor não analisou as acusações e abriu mão do discurso técnico durante sua fala, na abertura do julgamento, nesta tarde.

— O advogado não analisou absolutamente nada, porque o advogado preparou um discursinho para postar nas redes sociais. Hoje os alunos que vieram ver a sessão, tiveram uma aula do que um advogado constituído não deve fazer para prejudicar o seu constituinte e fazer uma média com os patriotas E só não é mais triste porque confundiu "O Príncipe", de Maquiavel, com "O Pequeno Príncipe".

Durante seu pronunciamento, o advogado atribuiu a frase "os fins justificam os meios" ao livro "O Pequeno Príncipe". Moraes ironizou a confusão e disse que o defensor não deve ter lido nenhuma das duas obras, usando a citação com base em "buscas do Google".

Julgamento no STF sobre os atos de 8 de janeiro
Assim como os demais réus, ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com uso de substância inflamável.

Quem é o réu?
Produtor rural de Penápolis, também em São Paulo, foi convidado por extremistas acampados no quartel de São José do Rio Preto, município vizinho, a participar de uma viagem de ônibus até a capital federal. Ele sustenta que só ingressou nas dependências do Palácio do Planalto, onde acabaria preso pela Polícia Militar, em busca de proteção contra "bombas e tiros" disparados pelos agentes.

Mathar admitiu, porém, que estendeu cortinas dentro da sede do governo para ajudar que outros manifestantes entrassem — segundo ele, um apoio para que "mulheres de idade" ficassem em segurança. O produtor rural sustenta que participava de uma caravana "para um Brasil melhor", mas nega a "intenção de dar golpe ou depor o governo eleito", pretendendo somente "manifestar seu descontentamento".

O acusado é casado e tem dois filhos, de 4 e de 6 anos. No fim de junho, sua mãe, avó das crianças, divulgou uma petição em que pedia a liberdade do "patriota", que estaria "preso injustamente", e mencionava que os netos "estão sofrendo muito, pois ele é o provedor do lar". A iniciativa havia alcançado 74 assinaturas até o fim da noite desta quarta-feira.