Celebridades

Morre em Mônaco Fernando Botero, artista plástico colombiano, aos 91 anos

Artista plástico ficou popularmente conhecido como o 'pintor de gordinhos' e criou obras marcadas pelo bom humor, a ironia e o surrealismo

Fernando Botero - Getty Images

Morreu, aos 91 anos, Fernando Botero, o artista plástico colombiano mais conhecido no mundo. O pintor, escultor e cartunista morreu em sua casa no Principado de Mônaco, como comunicou o jornalista Julio Sánchez Cristo, da rádio colombiana W Radio. A informação também foi confirmada e publicada pelo jornal espanhol "E País".

Conhecido popularmente como o "pintor de gordinhos" — devido às imagens que recorrentemente retratam mulheres voluptuosas e corpulentas —, Fernando Botero criou obras marcadas pelo bom humor, a ironia e um surrealismo de tom lúdico. Ele era um dos artistas latino-americanos mais valorizados da atualidade.

O estilo boteriano, que ajudou a propagar a arte sul-americana, era visto por muitos como uma obsessão, comparada à do francês Edgar Degas, morto em 1917, que pintava bailarinas sucessivamente. Mas artista colombiano teve a oportunidade de desmentir a premissa. Em entrevistas, ele ressaltava sempre o seguinte: não, não era obcecado por mulheres gordas.

"Eu não pinto mulheres gordas. Ninguém acredita em mim, mas é a verdade. O que eu pinto são volumes. Se eu pinto um animal, ele é 'volumétrico', assim como uma paisagem", explicou Botero, numa entrevista ao jornal "El Mundo", em 2014. "Sou interessado no volume, na sensualidade da forma. Se eu pinto uma mulher, um homem, um cachorro ou um cavalo, eu sempre faço com a ideia do volume. Não é que eu tenha uma obsessão por mulheres gordas", ressaltou.

Autodidata na arte

O artista plástico reconhecido internacionalmente, e que se dedicou por mais de 70 anos à arte, foi um autodidata em todo o sentido da palavra. "A história dele é a de uma pessoa que começou do nada e que mantinha como únicas clarezas sua vocação artística, sua capacidade de trabalho e sua paixão pelo o que estava fazendo. Tudo isso o permitiu ir adiante, nadando muitas vezes contra as correntes predominantes no mundo da arte", definiu a filha Lina Botero, em 2019, à época do lançamento do documentário "Botero: una mirada íntima a la vida y obra del maestro" (ainda sem lançamento no Brasil).

Botero — que dá nome a um famoso museu em Bogotá, capital da Colômbia — iniciou a carreira como ilustrador do jornal "El Colombiano" no fim dos anos 1940. Por muito tempo foi reconhecido como um artista influenciado pelos traços do pintor italiano Piero della Francesca. A gênese de seu estilo inconfundível aconteceu, como o próprio reconhecia, depois que ele fez o esboço do desenho de um bandolim, insinuando o sentido de monumentalidade do instrumento.

Com exuberância, abundância e proporções "generosas", Botero deu aos personagens e aos objetos uma nova sensualidade. "Não havia tradição na minha família. Não sei por que comecei a desenhar touros, paisagens, naturezas mortas, por que as pessoas vieram para os meus quadros... O fato é que aos 19 anos eu queria ser pintor. E minha mãe me deixou. Aos 19, já fiz a minha primeira exposição. A primeira coisa verdadeiramente boteriana que fiz foi um bandolim. Atraiu-me a amplitude e a generosidade do traço exterior de seu corpo e a pequenez do detalhe. Esse esboço foi meu ponto de partida", afirmou ele, em entrevista ao 'El País", em 2019.

A fama e a popularidade que ele adquiriu com suas pinturas de cores luminosas se destacaram sobretudo na década de 1990, quando suas enormes esculturas de bronze começaram a ser exibidas nas principais capitais do mundo.