"Ozempic econômico": americanos tomam laxante para emagrecer e país já tem escassez do produto
Especialistas apontam que o abuso da substância está associado ao desenvolvimento de transtornos alimentares
O mercado dos laxantes nos Estados Unidos está encontrando uma enorme escassez de medicamentos utilizados por quem sofre de constipação, também conhecida como prisão de ventre. Isso pode ser explicado, principalmente, pela tentativa de utilizar esse tipo de fármaco, em especial aqueles com polietilenoglicol 3350 em sua composição, como um “Ozempic econômico” enquanto tentam perder peso.
O funcionamento desta substância laxativa se dá através da atração de água para as fezes, visando facilitar a sua passagem pelo sistema digestivo. Contudo, o uso contínuo de laxantes pode ser perigoso, pois, ao realizar o processo de "lavagem" mais de uma vez, o fármaco causa a perda em excesso de água, minerais e eletrólitos, todos importantes para o equilíbrio hidroelétrico do organismo.
A perda constante de nutrientes essenciais pode levar a graves problemas cardíacos e renais a longo prazo. Além disso, especialistas apontam que o abuso da substância está associado ao desenvolvimento de transtornos alimentares.
A ideia de substituir as injeções (que podem ser custosas) do Ozempic pelos laxantes foi impulsionada principalmente por "dicas" para emagrecimento rápido repassadas por influenciadores nas redes sociais, conforme reporta o Wall Street Journal.
Outro motivo associado à escassez de laxantes está ligada ao envelhecimento da população americana, pois pessoas de idade avançada tendem a sofrer constipação com frequência. Segundo um levantamento realizado pela Universidade Johns Hopkins, a constipação afeta cerca de 4 milhões de pessoas nos EUA.
Após a pandemia da Covid-19, muitos americanos se viram ansiosos, comendo menos nutrientes e com hábitos sedentários. Desta forma, os laxantes se tornaram uma das válvulas de escape, que traria a perda de peso combinada rápida, conforme reporta o jornal Wall Street.
O bom funcionamento do sistema digestivo, que conta em grande parte com um intestino saudável, conta com a ingestão de água, o consumo de fibras e a prática de atividade física, segundo o Ministério da Saúde. Dessa forma, o estilo de vida influencia diretamente nos casos de prisão de ventre.