Campo de gás entre Venezuela e Trinidad e Tobago é uma 'rocha diplomática', diz premiê Rowley
O campo de gás Dragón contém 120 milhões de metros cúbicos, e está situado em águas venezuelanas a nordeste da Venezuela
As negociações pela exploração do campo de gás Dragón, situado na Venezuela, mas muito perto de Trinidad e Tobago, são uma "enorme rocha diplomática", afirmou o primeiro-ministro do país insular, Keith Rowley.
Trata-se de "uma enorme rocha diplomática que estivemos empurrando para cima desde 2018", disse Rowley durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14).
O campo de gás Dragón, cujo depósito contém 120 milhões de metros cúbicos, está situado em águas venezuelanas a nordeste da Venezuela, perto da fronteira marítima com Trinidad e Tobago, e adjacente a campos trinitinos operados pela petrolífera britânica Shell.
Em 2016, Trinidad e Tobago, o maior produtor de gás do Caribe, firmou um memorando de entendimento com a Venezuela para realizar estudos técnicos e comerciais com vistas a uma exploração compartilhada.
Contudo, as sanções americanas contra a Venezuela aplicadas para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro, pois Washington não reconhece sua reeleição de 2018 ao considerá-la "fraudulenta", complicaram a situação.
Em janeiro de 2023, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Tesouro americano, encarregado de fazer as sanções serem cumpridas, autorizou Trinidad e Tobago a explorar o campo com a condição de não pagar um único dólar à Venezuela.
"O pagamento é a maior barreira neste momento. Para consegui-lo, tivemos que construir relações, encontrar amigos e falar com as pessoas para fazer com que compreendessem nosso ponto de vista", disse Rowley, ao apontar que o ministro de Energia, Stuart Young, se reuniu diversas vezes com funcionários de Washington e Caracas em busca de uma solução.
O presidente Maduro havia tachado a autorização americana de colonialismo e lembrou que os dois países eram Estados "soberanos".
"Dos Estados Unidos eles tentam estabelecer [...] um modelo colonial de permissões do OFAC porque, então, dizem a um país: você tem permissão para negociar com a Venezuela, mas não pode pagar em dólares ou em dinheiro efetivo [...], tem que pagar com alimentos ou com produtos", disse o mandatário em fevereiro.