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Conselheiro dos EUA encontra chanceler chinês; há expectativa de reunião entre Biden e Xi Jinping

O conselheiro de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, se reuniu com Wang Yi, em mais um esforço de reaproximação entre os dois países

Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, e o chanceler chinês, Wang Yi - Brendan Smialowski / AFP/ Florence Lo / POOL / AFP

A Casa Branca anunciou no domingo que o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, se reuniu com o principal diplomata chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, em mais um esforço de aproximação entre os dois países e em meio à expectativa de um encontro entre os presidentes Joe Biden e Xi Jinping. A reunião ocorreu em Malta, no fim de semana.

De acordo com as autoridades americanas, os dois mantiveram conversas no sábado e no domingo, com duração total de 12 horas. O resumo das discussões divulgado pela Casa Branca informou que os temas giraram em torno das relações entre os dois países, a guerra na Ucrânia e as tensões sobre Taiwan— a ilha com governo independente que Pequim considera parte da China e que mantém forte aliança com os EUA.

Uma funcionária do alto escalão do governo americano que não quis ser identificada revelou que Sullivan reiterou que os Estados Unidos não apoiam a independência da ilha, mas que rejeitam "uma mudança unilateral no status quo”, tanto por parte dos taiwaneses quanto dos chineses.

Em Pequim, o governo declarou que "Wang Yi ressaltou que a questão de Taiwan é a primeira linha vermelha que não deveria ser ultrapassada nas relações sino-americanas".

A Casa Branca disse ainda o conselheiro americano enfatizou que a China não deve tentar ajudar a Rússia na guerra contra a Ucrânia. Por trás da fala está uma avaliação do serviço secreto americano de que os chineses têm considerado enviar armamentos à Moscou, desde o início do ano. O resumo da Casa Branca ainda registrou que Sullivan e Wang concordaram em “buscar engajamento de alto nível adicional e consultas em áreas-chave”.
 

Encontro entre presidentes
Nas últimas semanas, autoridades americanas declararam estar tentando viabilizar uma reunião entre os presidentes dos dois países, em paralelo a um encontro de cúpula internacional marcado para novembro, em São Francisco.

Biden e Xi não se falam desde a cúpula do G20 em Bali, em novembro de 2022. O encontro aparentou estimular um progresso nas relações EUA-China, antes que uma nova rodada de tensões — que incluem os dilemas sobre Taiwan, aproximações militares no Mar da China Meridional, proibições de exportação de Biden em tecnologia de semicondutores e um suposto balão espião chinês que cruzou os EUA — novamente esfriar os laços.

O encontro entre os dois altos diplomatas foi o mais recente de uma série de conversas de alto nível entre funcionários dos dois governos, que incluiu a visita a Pequim do chanceler dos EUA, Antony Blinken, da secretária do Tesouro Janet Yellen, e do assessor climático John Kerry.

Além da temperatura geopolítica, acontecimentos recentes dentro do governo de Pequim e do Partido Comunista chinês levantaram dúvidas sobre a possibilidade concreta desta conversa bilateral entre Biden e Xi realmente ocorrer. Na semana passada, autoridades americanas levantaram suspeitas que o ministro da Defesa chinês, Li Shangfu — que não aparece em público desde agosto — está sob investigação de corrupção. Em julho, Xi Jinping retirou abruptamente do cargo o chanceler Qin Gabg, e determinou que Wang, o principal diplomata do país e que já ocupara a função antes, assumisse as responsabilidades de Qin.

A suposta investigação aponta para a existência de questões sobre a confiança do líder do Partido Comunista, Xi Jinping, e suas próprias Forças Armadas, um pilar das suas ambições no exterior e do controle interno.

Há menos de dois meses, Xi trocou os dois dos comandantes mais graduados da Força de Foguetes do Exército, que supervisiona o poderoso arsenal de mísseis nucleares e balísticos do país. As demissões foram entendidas por analistas como um sinal de que o presidente estaria tentando reafirmar seu controle sobre os militares e expurgar a corrupção e a deslealdade dentro do Exército de Libertação Popular (ELP). (Com New York Times e AFP)