GRAFITTI

A arte urbana nas periferias ganha evidência com o projeto "Entre-ruas", que segue até novembro

Encabeçado pelo Sesc Pernambuco, a primeira edição do evento começou com a grafitagem de murais em Santo Amaro, no Recife, e seguirá em Casa Amarela

Peste Negra está entre os artistas que participam da grafitagem de murais em Santo Amaro - Ubira Machado

“Não espere nada do centro se a periferia está morta”, diz o verso de “Destruindo a Camada de Ozônio”, música da banda Mundo Livre S/A. É preciso ampliar o olhar para a cidade além do centro, voltar as atenções para as periferias e suas produções artísticas. O Sesc Pernambuco convida o Recife para esse exercício, investindo nas intervenções e na arte urbana, com o projeto “Entre-ruas: territórios criativos em fluxos periféricos”, que começou nesta segunda (18), na comunidade de Santo Amaro, e segue até o mês novembro, com atuação também no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Confira AQUI a programação completa.

Fomentar, qualificar e difundir as artes que nascem dos territórios periféricos é a tríade que envolve as ações do “Entre-ruas”. A iniciativa do Sesc tem o apoio do Hub PE Criativo e da Prefeitura do Recife. A programação começou nesta segunda (18), com a grafitagem de murais em Santo Amaro, cujo resultado será exibido e celebrado nesta sexta-feira. No dia 25, começa a segunda etapa de grafittis, em Casa Amarela e localidades do entorno, como Mangabeira e Bomba do Hemetério, com exibição dos resultados no dia 30.
 


Os artistas que participarão foram escolhidos pelo Sesc Pernambuco e CorDaLama, e também selecionados pelo programa “Colorindo o Recife”, da Secretaria Executiva de Inovação Urbana do Recife. São eles: Afro'G, Ban Costa, Tab, Mamá, Peste Negra, Rayo, Edu Nóbrega, Ordep, AK, Luiz Lopes e Izna que irão dar vida aos murais em Santo Amaro; já Anderson Saang, Lua Lim, Naara, Nomes e Rena Amorim grafitarão em Casa Amarela, Mangabeira e Bomba do Hemetério.

Democratização da cultura
“Muita se fala que democratizar a cultura é trazê-la para o centro da cidade, mas é um conceito um pouco falho porque a ideia de ‘centro’ e ‘periferia’ é relativa. Na verdade, democratizar a cultura é levá-la para outros espaços em que ela não chega”, conta o técnico em Artes do Sesc Pernambuco e coordenador do Entre-ruas, Tácio Russo. “Contemplando esses espaços, fomentando o desenvolvimento dessas comunidades através da cultura, da fruição da cidade, com as intervenções urbanas no espaço público, para tornar a cidade mais amigável”, completa.

Além das ações de grafitagem, o Entre-ruas seguirá em outubro abordando a arte urbana através de ações voltadas à formação e fruição, com elementos da cultura hip hop e do bregafunk e suas formas de expressão. Nos dias 6 e 7 acontece a feirinha criativa, na Praça do Campo Santo, em Santo Amaro, onde acontecerão oficinas gratuitas, shows, desfile de moda, batalhas de break, batalhas de MC's e circuito de ciclismo. 
Passarão pelo palco, nos dois dias, nomes de artistas como Millena Cinismo + DJ Boneca, Rayssa Dias + Marley no Beat, Amun-há e Okado do Canal. Já no dia 17, os artistas que realizaram as grafitagens em Santo Amaro e Casa Amarela e entorno participarão de um Encontro de Negócios, na CorDaLama, no bairro de Santo Antônio, com curadores de artes visuais.

Etapa final em novembro
Em novembro, o Entre-ruas chega à sua etapa final, com o “Colóquio Internacional Imaginário: Construir e Habitar a Terra”, que acontecerá de 6 a 8 de novembro, em uma parceria com a USP-SP, e terá como base física o Sesc Casa Amarela e o Compaz Eduardo Campos (Alto Santa Terezinha), onde acontecerão palestra e oficinas abertas ao público em geral, mas voltada principalmente para estudantes e pesquisadores de arquitetura e urbanismo, artes em geral e outras áreas correlatas. As oficinas são abertas ao público em geral, e as inscrições devem ser feitas em sites.google.com/usp.br/icht2023.