TEATRO

No Dia Nacional do Teatro Acessível, entenda como funciona a audiodescrição

Há 20 anos, acontecia no CCBB do Rio de Janeiro a primeira sessão de cinema com o recurso no Brasil

Graciela Pozzobon em cabine em audiodescrição - Reprodução

Nesta terça-feira (19) é celebrado o Dia Nacional do Teatro Acessível e, há 20 anos, acontecia no CCBB do Rio de Janeiro a primeira sessão de cinema com audiodescrição no Brasil, organizada pelo Assim Vivemos — festival internacional de filmes sobre deficiência.

De lá para cá, o instrumento de acessibilidade para pessoas com deficiência visual evoluiu junto com a tecnologia, mas ainda não está tão implementada quanto deveria, é o que diz a diretora da Cinema Falado Produções, Graciela Pozzobon.

Graciela, que é também atriz e não só participou daquela primeira sessão mas também foi quem fez a descrição, explica que o trabalho visa preencher os vazios para a pessoa com deficiência visual. Descreve-se os cenários, posicionamento dos atores e varia do cinema, para a televisão e para o teatro. Nesse último caso, é feita ao vivo e é dinâmica como uma peça. No caso de produtos gravados, os deficientes visuais podem contar com auxílio de aplicativos no celular.

— A gente produz um roteiro com as falas descritivas com a ajuda de um consultor, que é deficiente visual. É um trabalho bem artesanal porque a gente não sobrepõe as falas dos personagens, das músicas e ruídos, a descrição tem que acontecer nos momentos de silêncio. Complementando com informações sobre o espaço, figurino, características físicas dos atores, todas as informações importantes para que a pessoa compreenda a obra como um todo — conta Graciela, que já fez audiodescrição para peças de teatro, cinema, televisão, exposições de arte, casamentos e até Carnaval na Sapucaí.

 

O CCBB do Rio segue recebendo o festival Assim Vivemos e a gerente geral do Centro Cultural, Sueli Voltarelli, explica que uma das premissas fundamentais da instituição é a diversidade:

— Nossa programação regular também conta com olhar atento a esses temas, não só contemplando o público mas também realizadores e produtores de cultura com deficiência. Atualmente, a quase totalidade dos projetos realizados pelo CCBB RJ conta com sessões acessíveis, no caso de teatro e cinema, e nossas exposições disponibilizam conteúdo com audiodescrição e LIBRAS nas próprias galerias. Recentemente, também pudemos contar com placas táteis em nossas mostras.

Vinte anos desde essa primeira medida de acessibilidade, tramita no Senado um projeto de lei que prevê que serviços de streaming e plataformas de compartilhamento de vídeos pela internet terão de oferecer recursos como janela de Libras, closed caption (legenda oculta) e audiodescrição.

A ideia é aplicar aos serviços de streaming e a essas plataformas as mesmas regras de acessibilidade que o Estatuto da Pessoa com Deficiência determina para a televisão — em julho de 2020, a audiodescrição passou a ser obrigatória por 20 horas semanais da programação, entre às 6h e 20h.