LULA NA ONU

Lula diz na ONU que guerra na Ucrânia "escancara incapacidade coletiva" de mediar conflitos

Discurso de presidente brasileiro abriu Assembleia Geral das Nações Unidas

Luiz Inácio Lula da Silva discursa na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU - Timothy A. Clary/ AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira, ao discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, o atual sistema das Nações Unidas, especialmente o Conselho de Segurança. Ele citou como exemplo a guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro do ano passado, com a invasão russa ao país do Leste Europeu.

— A guerra na Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer valer a carta da ONU. (...) Nenhuma solução será doadora se não baseada em diálogo — afirmou Lula.

Sem citar a Rússia, Lula criticou a aplicação de sanções unilaterais. Sem a aprovação do Conselho de Segurança, alguns países, como Estados Unidos, Austrália e os membros da União Europeia, decidiram punir os russos com embargos econômicos.

— As sanções unilaterais causam grande prejuízos à população dos países afetados. Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos.

Lula e Zelensky
O assunto será discutido, na quarta-feira, em um encontro bilateral entre Lula e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. O mandatário brasileiro reforçar sua proposta de criação de um grupo de países para negociar um acordo de paz.

Lula e Zelensky nunca se encontraram presencialmente para uma reunião bilateral. A última vez em que conversaram por por videconferência, em março deste ano.

Em maio, autoridades brasileiras e ucranianas tentaram agendar uma reunião, que acabou não acontecendo. A Ucrânia declarou que houve incompatibilidade de agendas, enquanto o Brasil informou que Zelenky não apareceu, apesar de terem sido oferecidos vários horários.

Guerra Fria
Para o Brasil e outros países emergentes, o Conselho de Segurança tem se mostrado incapaz de resolver grandes conflitos. Uma das razões é o pequeno número de países, incluindo a Rússia, com direito a veto.

Em seu discurso, Lula alertou para o risco de ser reeditada uma nova Guerra Fria, em uma referência às relações entre EUA e a extinta União Soviética, no século passado. Segundo ele, o Conselho de Segurança vem perdendo credibilidade.

— Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria.

Cuba
Lula, que esteve com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, no último fim de semana, disse criticou o embargo econômico a Cuba pelos EUA, em vigor há décadas. Ele saiu em defesa do país caribenho.

— O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo.