Inflação que mede gastos das famílias acelera com alta dos combustíveis em agosto, diz FGV
Gasolina acumula alta de 3,94% em 12 meses; até julho, queda era superior a 9%
O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) variou 0,03% em agosto. O índice acumula taxa de 2,11% no ano e de 2,78% em 12 meses. O resultado mostra um aceleração em relação a julho, quando a taxa acumulada em 12 meses estava em 2,35%.
Apesar disso, o IPGF está abaixo do índice oficial de inflação, o IPCA, que acumula alta nde 3,23% no ano e de 4,61% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, a taxa que mede os gastos das famílias era mais alta do que o IPCA.
A aceleração do índice se deve, principalmente, ao grupo Transportes, que apresentava deflação de 4,17% em 12 meses até julho e agora acumula alta de 1,44% em agosto. Efeito, sobretudo, do reajuste nos preços dos combustíveis. A gasolina que caia 9,28% passou a subir 3,94%. Óleo diesel e etanol reduziram as quedas que vinham registrando.
O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comenta que essa tendência do índice se deve ao fato de que a construção dos pesos, entre outros fatores, possibilita a percepção do chamado “efeito substituição”.
Ele explica que “quando, por exemplo, o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a comprometer menos o custo de vida e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”.
O índice de difusão do IPGF também voltou a subir em agosto, passando de 41,3% em julho para 47,8%. Isso significa que aproximadamente 5 em cada 10 itens apresentaram aumento de preço em agosto.
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Em 12 meses, no entanto, a leitura ainda de redução do índice de difusão, o que aponta para melhora no processo inflacionário. Para efeito de comparação, em dezembro de 2022, quando teve início o processo de descompressão, o índice era de 73,9%. Ou seja, 7 em cada dez produtos registravam alta de preço.
Confira os setores que tiveram aceleração ou estabilidade:
Habitação acelerou de 3,24% para 4,04%;
Educação também registrou alta de 8,13% para 8,35%;
Comunicação manteve-se estável, acumulando queda de 7,10%.
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Veja grupos que registraram desaceleração em 12 meses:
Alimentação caiu de -2,92% para -4,07%;
Artigos de Residência de -3,69% para -4,05%;
Vestuário de 5,60% para 4,23%;
Saúde e Cuidados Pessoais de 11,39% para 10,73%;
Despesas Pessoais de 11,07% para 10,61%;
e Serviços Prestados às Famílias e atividades pessoais de 5,64% para 5,43%.
Entenda como funciona o IPGF
O IPGF foi lançado pela instituição em abril e busca retratar com maior assertividade o efeito do aumento dos preços ao consumidor.
Qual a diferença entre IPGF e IPCA?
Diferente do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), do IBGE, o indicador do FGV Ibre possui uma cesta de bens e serviços mais concisa cujos pesos são atualizados mensalmente.
Enquanto os índices de preços ao consumidor tradicionais focam em intervalos de renda específicos, o IPGF considera o gasto total por grupo de produtos no consumo das famílias como um todo. No IPCA, do IBGE, considera famílias com renda mensal de até 40 salários mínimos. Já o Índice de Preços do FGV IBRE inclui famílias com renda de até 33 salários mínimos.
Como é feito a atualização dos pesos no índice?
Com a atualização mensal, o IPGF é capaz de evidenciar o chamado "efeito substituição", quando as famílias trocam ou reduzem a compra de determinados bens e serviços por conta do aumento de preços. Por isso, o IPGF tende a refletir com maior qualidade a dinâmica de consumo do brasileiro, na visão do instituto.
As informações do IPGF são extraídas do Sistema de Contas Nacionais, do IBGE , que reúne dados sobre o consumo das famílias. Em seguida, os números são ajustados para a frequência mensal com base no Monitor do PIB, do FGV Ibre. Com isso, os pesos são atualizados constantemente.