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Conheça o brasileiro que ficou milionário com startup que administra imóveis para Airbnb

Engenheiro de 35 anos está por trás de empresa que aumentou dez vezes de tamanho nos últimos três anos e agora espera captar R$ 200 milhões em investimentos

CEO da Seazone, Fernando Pereira, frente a um dos empreendimentos próprios da startup, em Florianópolis - Rodrigo Spindola/Divulgação

O engenheiro mato-grossense de 35 anos Fernando Pereira, que trabalhava em Chade, no centro da África, começou a alugar o seu apartamento no Airbnb enquanto não estava no Brasil e o retorno financeiro foi bom, mas administrar o contato com os hóspedes e a manutenção do local à distância não era fácil.

Foi a partir disso que surgiu uma ideia que faturou no total R$ 21 milhões em 2022 e tem crescido cerca de 100% ao ano desde 2020: a Seazone, uma startup que cuida do gerenciamento de imóveis para aluguel de curta duração.

Em 2014, ele começou a investir em imóveis para aluguel de curta temporada e em 2018, veio a ideia de criar um CNPJ e começar, de fato, a empresa. Nesta época, Pereira tinha cerca de 35 imóveis em hotéis. Atualmente, são 940 imóveis pelo Brasil sob administração da startup e 14 empreendimentos próprios.

Agora, a Seazone espera lançar um fundo de investimento imobiliário no valor de R$ 200 milhões e começar a captar recursos ainda em novembro deste ano. Pereira espera que através dessa nova modalidade de investimento, será possível lançar dez novos empreendimentos, que serão construídos mais rápido e de forma mais eficiente. Um empreendimento da startup custa cerca de R$ 20 milhões. Em maio deste ano, a Seazone recebeu um aporte de R$ 3,5 milhões do fundo de venture capital Domo Invest.

 

A Seazone investe em apartamentos e os torna atrativos para anúncios online em plataformas como o Airbnb e o Booking, além de fazer o contato com os hóspedes e com os funcionários de limpeza. A empresa administra imóveis de terceiros e também conta com os seus próprios empreendimentos.

Para gerir todos esses imóveis, a empresa conta com microfranqueados, que cuidam de 20 a 30 imóveis e recebem cerca de 8% do valor de locação, além da taxa de limpeza. Os microfranqueados são responsáveis por criar relacionamentos com imobiliárias, prospectar clientes e gerenciar a equipe de camareiras e lavanderias.

Os empreendimentos próprios da Seazone são prédios compactos, com vários estúdios, mas sem os luxos de um hotel que elevariam os custos, como camareiras, restaurante e outras facilidades, por exemplo. A ideia é maximizar os lucros, reduzindo as despesas e direcionando investimentos para tornar os apartamentos modernos e “instagramáveis”, atrativos para serem alugados por um valor alto, conforme descreve Pereira, atualmente CEO da Seazone.

— Pegamos o conceito de hotel, com unidades compactas e bem localizadas, mas tiramos esses serviços para ter um custo de condomínio mais baixo. Ao mesmo tempo, a gente pensa no imóvel que vai maximizar o faturamento ao máximo, sendo instagramável, com vista para o mar, para alugar bem — ele afirma.

Nestes empreendimentos, a Seazone abre uma Sociedade de Propósito Específico, na qual investidores pessoa física e pessoa jurídica entram como sócios. A startup fica responsável pela construção e pela administração do imóvel, enquanto os compradores recebem um retorno líquido de cerca de 1,2% ao mês. Pereira diz que a Seazone não começa a construir um prédio sem antes ter todas as unidades comercializadas. No momento, a empresa conta com um empreendimento sob operação, um pronto para começar a funcionar nas próximas semanas, e o resto ainda está em fase de construção e captação de investimentos.

Com 215 funcionários, a startup opera sem escritório. Todo o processo é intermediado pela plataforma da empresa, que unifica a gestão dos apartamentos e a publicação de anúncios em diferentes sites. A Seazone começou na região norte de Florianópolis, mas já se estendeu para nove estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas e Goiânia) e 22 cidades, incluindo Balneário Camboriú e São Paulo. A Seazone fechou os primeiros oito meses do ano com um faturamento líquido de pelo menos R$ 10 milhões e espera encerrar o ano com um retorno de R$ 20 milhões.

— Queremos nos consolidar como uma empresa nacional. Hoje, a gente tem uma atuação muito forte no Sul do Brasil, mas nas outras regiões, estamos apenas começando a nossa expansão — afirma Pereira.

A Seazone conta com uma lista de quase 400 bairros de interesse para expansão e atualmente está prospectando terrenos em cerca de 20 cidades para empreendimentos próprios.