Papa Francisco viaja a Marselha para defender os migrantes
Pontífice prestará homenagem aos migrantes mortos no mar perto da basílica de Notre-Dame de la Garde
O papa Francisco viaja nesta sexta-feira (22) para Marselha (sudeste da França) para fazer mais um alerta sobre o drama dos migrantes no Mediterrâneo, em um momento de debate na Europa sobre a recepção de refugiados.
Os migrantes são uma prioridade para o pontífice, que expressa com frequência as tragédias que afetam essas pessoas.
“Esperamos palavras muito fortes do papa e que sua voz influencie muito mais que a nossa”, afirmam François Thomas e Sophie Beau, diretores da ONG SOS Méditerránée, com sede em Marselha e que resgataram migrantes no mar com o barco “Ocean Viking”.
A rota do Mediterrâneo, que Francisco chamou de "cemitério" em agosto, é considerada a mais perigosa do mundo. Mais de 28 mil migrantes desapareceram em suas águas desde 2014, durante tentativas de chegar ao continente europeu a partir da África, segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM).
O jesuíta de 86 anos prestará homenagem aos migrantes mortos no mar perto da basílica de Notre-Dame de la Garde (Nossa Senhora da Guarda), em um dos momentos mais aguardados da viagem.
Após uma oração na basílica, conhecida como "Bonne Mère" (Boa Mãe), Francisco visitará o memorial com vista para o Mar Mediterrâneo, que já contemplou em visitas anteriores, para pedir a colhida dos e migrantes.
"Não vem para culpar ou dizer aos Estados o que deve fazer. Ele afirma ser: responsáveis, há sofrimento", afirmou antes da viagem o arcebispo de Ajaccio (sudeste da França), François Bustillo.
A visita coincide com a chegada de milhares de migrantes há alguns dias à ilha de Lampedusa, o que obriga a União Europeia (UE) a adotar um plano para ajudar a Itália a administrar a rota migratória que começa no norte da África.
Boubacar (pseudônimo), que chegou a Marselha há 10 dias, registra as dificuldades que enfrentou antes de desembarcar em Lampedusa: "Passamos 24 horas no mar sem comer, sem beber, sem fazer as nossas necessidades".
E, agora, o adolescente da Guiné vive na rua, ao lado dos 30 de menores de idade não acompanhados.
Francisco afirmou que sua viagem à segunda maior cidade da França não é uma viagem oficial ao país. Sua finalidade é encerrar um encontro entre bispos e jovens do Mediterrâneo, que tem como principais temas as desigualdades, o diálogo inter-religioso e a mudança climática.