Cotado para o STF, Messias pede torcida de evangélicos à gestão de Lula
Titular da AGU pediu orações para que o atual governo "tome as melhores decisões
Cotado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o titular da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, pediu "a torcida de evangélicos" à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, durante Conferência da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso, realizada nesta sexta-feira (22). Aplaudido ao ser anunciado no evento, Messias iniciou o seu discurso ressaltando que "representava um governo no qual muitos dos presentes não votaram", mas pediu torcida e orações para que todos os políticos — entre eles, Lula — tomem as melhores decisões pela coletividade.
Sem citar nomes, ele criticou atos de autoritarismo e reforçou que é a Constituição que garante a liberdade religiosa, através da qual os evangélicos também podem se manifestar.
— Venho aqui hoje com um senso de responsabilidade muito grande, represento um governo em que muitos aqui não votaram, eu sei. Peço amor e compaixão por isso. Vim em paz, sei que muitos não torcem por esse governo. Mas, nós vivemos em uma democracia muito jovem, de apenas 35 anos. Creio que cada deputado que está aqui hoje foi levantado por Deus a seu cargo e, por isso, oro por cada um dos senhores. Por isso também peço para que vocês rezem por cada autoridade desse país, para que tenham sabedoria em suas decisões — disse.
Pouco antes de pedir orações ao governo, Messias viu a deputada Franciane Bayer (Republicanos-RS) se referir à atual gestão como "um desgoverno" e ser aplaudiade. Ela criticou a ideologia de gênero e pautas ideológicas às quais o governo Lula se mostra favorável. Messias fez críticas ao autoritarismo e pediu para que a liberdade religiosa seja respeitada.
— Cresci em um lar evangelico e orava pelos missionarios de países em que a igreja era perseguida, onde os irmãos não podem pregar o evangelho. Estamos nessa condição hoje no Brasil graças à Constituição que nos deu o direito de votar, de sermos votados. A mesma Constituição que nos garante a liberdade religiosa. O autoritarismo espreita sempre à porta e a primeira vitima é sempre a verdade, assim como as liberdades. Entre elas, a liberdade religiosa.
Faltando pouco para a aposentadoria da ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consulta políticos sobre os nomes cotados para a vaga, em uma corrida que vem se afunilando entre três favoritos: o advogado-geral da União, Jorge Messias, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e o ministro da Justiça, Flávio Dino. Paralelamente, nas conversas com nomes de confiança do chefe do Executivo, eles têm se empenhado para mostrar alinhamento a pautas progressistas, caras ao governo.
Mesmo diante de uma campanha promovida pela esquerda para indicação de uma mulher ao Supremo nos últimos meses, Lula não dá sinais de que a pressão surtirá efeito. O presidente já deixou claro que o critério mais importante no processo de escolha são os níveis de confiança e acesso que ele terá com o futuro ministro. Até agora, ele não demonstrou ver uma mulher que preencha tais requisitos.
Até a transição no fim do ano passado, Messias não tinha acesso direto a Lula. A proximidade foi construída com a participação do então futuro AGU na elaboração de medidas que seriam tomadas após a posse. Dilma e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, bancaram a ida de Messias para a AGU. Hoje, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA), também o apoiam.
Entre as vantagens de Messias apontadas por seus interlocutores, no entanto, está o fato de que o ministro tem despachado praticamente todos os dias com Lula, em razão do seu cargo. Lula também o chamou para acompanhar o conversa com o procurador-geral da República, Augusto Aras, uma espécie de sabatina informal ao cargo. Para pessoas próximas a Lula, Messias é hoje o único com o padrão de confiança próximo ao que o presidente tinha com Cristiano Zanin, seu advogado que ficou com a primeira vaga na Corte.