Quem é "Niño Guerrero', líder do Trem de Arágua, maior organização criminosa da Venezuela
Condenado a 17 anos de prisão por múltiplos homicídios, tráfico e outros delitos, Héctor Guerrero Flores fugiu da cadeia de Tocorón durante megaoperação policial
Após uma megaoperação com cerca de 11 mil agentes envolvidos, as forças de segurança da Venezuela anunciaram, na quarta-feira (20), que retomaram o controle da cadeia de Tocorón, unidade prisional localizada a 140 km de Caracas, considerada o quartel-general do Trem de Arágua, a maior organização criminosa do país. Embora a retomada tenha recebido tratamento de conquista pelas autoridades, escapou das autoridades o líder da organização, Héctor Guerrero Flores - uma fuga que deixou em alerta autoridades da região.
Condenado a 17 anos por múltiplos homicídios, tráfico de drogas e outros crimes, Flores, apelidado de "Niño Guerrero" (Menino Guerreiro, em tradução livre), é um indivíduo conhecido pela polícia venezuelana há anos. No começo dos anos 2000, Héctor já era conhecido por atacar policiais, havendo registro de ao menos um homicídio em 2005.
Ele passou pela prisão algumas vezes, em 2010 e 2013, antes de ser preso pela última vez em 2018, já como líder do Trem de Arágua. Foi nas passagens pelo sistema prisional que o "Niño Guerrero" transformou a cadeia de Tocorón na central de operações de sua organização criminosa. Durante a operação policial, um arsenal foi retirado de dentro do presídio, incluindo granadas e munição de fuzil 762.
Apesar de encarcerado, Guerrero continuava a chefiar o grupo mafioso que atua em uma vasta gama de crimes, como sequestro, roubo, tráfico de drogas, prostituição e extorsão, além de assassinatos por encomenda. Relatos na mídia internacional apontam que ele contava com privilégios dentro do sistema prisional, como instalações diferenciadas em Tocorón, além de entrar e sair da cadeia de acordo com sua vontade.
Uma investigação recente, citada pela agência de notícias France-Presse, apontou que ele costumava ir a praias venezuelanas, tendo inclusive passeado de iate enquanto cumpria pena. De acordo com o La Tercera, Guerrero também dispunha de um campo de beisebol, zoológico e piscina dentro da prisão.
Ainda de acordo com o jornal chileno, em meio ao alvoroço provocado pela operação policial e militar na prisão, Guerrero teria aproveitado para se evadir do local por uma rede de túneis mantida pela organização no local. O paradeiro dele é desconhecido até o momento, mas deixou autoridades dos países vizinhos em alerta.
A imprensa sul-americana cita rumores de que o Niño Guerrero poderia ter deixado a venezuela em direção ao Peru ou ao Chile, o que autoridades dos dois países negam. Outro destino possível seria o Brasil - se é que o criminoso deixou a Venezuela, onde tem uma forte presença e influência - onde o Trem de Arágua tem parceria com o PCC, principalmente no que se refere ao tráfico de armas e prostituição, segundo um livro recente publicado sobre a organização venezuelana.