Flávio Bolsonaro

Flávio Bolsonaro entra com representação contra Gleisi Hoffmann por críticas à Justiça Eleitoral

Presidente do PT e deputada federal pediu o fim do braço do Judiciário para fiscalizar e monitorar eleições e partidos diante das altas multas aplicadas às siglas

Flávio Bolsonaro - Waldemir Barreto/Agência Senado

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pediu que a Advocacia-Geral da União (AGU) investigue a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, por defender o fim da Justiça Eleitoral em sessão na Câmara na última quinta-feira.

O documento foi direcionado ao AGU, Jorge Messias, aliado de Lula e nome encampado por dirigentes petistas para ser indicado a ocupar a cadeira da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que se aposenta na próxima semana.

Na última quinta-feira, Gleisi defendeu a extinção do órgão ao criticar o tamanho de multas aplicadas contra partidos, durante sessão na Câmara dos Deputados para discutir a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Anistia.

Na representação, Flávio pede que seja investigada a conduta da presidente do PT por representar "efeito potencial de subtração de legitimação de Poder" da Justiça Eleitoral ao falar não apenas em nome próprio, mas enquanto dirigente partidária.

"A presente representação não possui qualquer intenção de cercear opiniões e as liberdades e expressão de parlamentares que, inclusive, são invioláveis nos termos do Art. 53 da Constituição Federal. Porém, requer a este Órgão Técnico a apreciação da conduta descrita neste episódio específico que se reveste de especial gravidade por representar proposta de subtração da legitimidade do Poder Judiciário para a condução das questões eleitorais e, em último grau, a preservação da democracia", afirma Flávio, no documento.

Na sessão de quinta-feira, Gleisi defendeu o fim do braço do Poder Judiciário que investiga e fiscaliza a prestação de contas de partidos e candidatos, alegando uma desproporcionalidade na aplicação de penalidades às sigas.

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"Eu queria falar das multas do TSE. Os valores ditos aqui, R$ 750 mi, R$ 3 bi, R$ 23 bi, isso não é multa exequível, não tem como pagar, nós não temos dinheiro […] elas trazem a visão subjetiva da equipe técnica do Tribunal, que sistematicamente entra na vida dos partidos políticos, querendo dar orientação, interpretando a vontade de dirigentes, a vontade de candidatos. São multas que inviabilizam os partidos […] Não pode haver uma Justiça Eleitoral, que, aliás, é uma das únicas do mundo, o que já é um absurdo, e custa 3 vezes mais do que o financiamento de campanha para a disputa eleitoral", afirmou, durante a sessão na Câmara.

Críticas à conduta da Justiça Eleitoral também foram encampadas à direita, sobretudo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de Flávio, e de seus apoiadores.

Conforme O GLOBO mostrou em junho, o ex-titular do Palácio do Planalto fez um ataque ao processo eleitoral a cada oito dias enquanto esteve à frente do Executivo federal, entre 2019 e 2022. Entre as mais recorrentes, estão ataques às urnas eletrônicas e a afirmação de que as urnas eletrônicas não são auditáveis.