Cinco anos depois, Doria pede desculpas por falas sobre prisão de Lula: "Me ajuda a ser melhor"
"Eu não tenho problema em reconhecer. Isso me ajuda a ser uma pessoa melhor, mais respeitada", acrescentou o ex-governador paulista ao participar de podcast
O ex-governador de São Paulo João Doria pediu desculpas por declarações que deu, cinco anos atrás, logo após a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A fala ocorreu durante participação no podcast Flow News, na última sexta-feira.
Em 2018, pouco depois de o petista ser preso pela Polícia Federal (PF) em decorrência de condenação no âmbito da Operação Lava-Jato, o então prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo paulista festejou nas redes sociais. "Esta decisão lava a alma dos bons brasileiros", escreveu à época.
— Aquilo foi uma declaração imprópria, e eu não tenho problema em reconhecer. Isso me ajuda a ser uma pessoa melhor, mais respeitada. Eu sei pedir desculpas, sei reconhecer quando eu erro. Não foi uma declaração adequada — afirmou Doria ao podcast.
O empresário também se retratou por outra postagem, feita já como governador, em 2019. Na ocasião, ele ironizou a iminente transferência de Lula para o presídio de Tremembé, no interior paulista — medida que acabou revogada antes que se concretizasse. Doria garantiu que o petista seria "tratado como os outros presidiários" e que poderia "fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar".
— Eu não poderia jamais confrontar a Justiça. A Justiça determinou que ele fosse mantido dentro do sistema prisional, mas aquela frase foi uma frase imprópria, inadequada, pela qual eu me desculpo, inclusive — disse Doria ao participar do Flow.
O ex-tucano elegeu-se governador nas eleições de 2018 em uma dobradinha com Jair Bolsonaro, que venceu a disputa pela Presidência contra Fernando Haddad (PT) — Lula não pôde concorrer em virtude da condenação, que o tornou inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Nos anos seguintes, porém, Doria afastou-se do bolsonarismo enquanto mantinha as críticas ao petismo, numa tentativa de cacifar-se como terceira via em meio à polarização.
O projeto de uma candidatura própria ao Planalto, contudo, não se concretizou. Nas eleições do ano passado, Doria chegou a declarar que votaria nulo no segundo turno entre Lula e Bolsonaro.