GENERAL HELENO

"Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão": frases de Heleno, alvo da CPI do 8 de janeiro

Comissão tenta ouvir ex-ministro do GSI de Bolsonaro, que pediu ao STF autorização para não ir ao colegiado; Zanin obriga presença, mas garante direito ao silêncio

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno - Antonio Cruz/Agência Brasil

Ex-ministro do Gabinete Institucional de Segurança (GSI), general Augusto Heleno depõe nesta terça-feira (26) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o autoriza a ficar em silêncio em questionamentos que possam o incriminar, há uma expectativa a respeito de suas falas, já que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro muitas vezes chamou a atenção com declarações polêmicas.

O ex-ministro já esteve na CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal sobre o 8 de Janeiro. Na ocasião, ele disse que "sempre procurou" atuar como um "poder moderador" no aconselhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Relembre declarações polêmicas do militar:

"Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão"
O general chamou de “ladrões” os políticos que integram o centrão em 2018, no evento de lançamento da candidatura de Jair Bolsonaro . Na época, o grupo decidiu apoiar a pré-candidatura do então integrante do PSDB, Geraldo Alckmin. Heleno cantou, durante seu discurso, uma adaptação ao clássico de Bezerra da Silva:

– Se gritar pega centrão, não fica um meu irmão – cantarolou o general.

"Tenho que tomar dois Lexotan na veia"
“Eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado, eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí”, falou o militar.
 

A declaração foi dada durante um Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e noticiada pelo Metrópoles. No mesmo evento, de 2021, o general disse ainda que o STF estava “tentando esticar a corda até arrebentar” a relação com o Palácio do Planalto.

"Tinha que tomar prisão perpétua"
A frase foi dita por Heleno em 2019, em referência a Luiz Inácio Lula da Silva. Augusto Heleno disse ter vergonha "de um sujeito desse" ter sido presidente e defendeu que um chefe de Estado desonesto merece prisão perpétua.

— Na minha opinião, e eu sempre tive essa opinião. É minha, hein? Não é do presidente, é minha: um presidente da República desonesto tinha que tomar uma prisão perpétua. Isso é um deboche com a sociedade. Um presidente da República desonesto destrói o conceito do país. Isto é o cúmulo, ele ainda aventar a hipótese da facada ser mentira. E será que o câncer dele foi mentira? E o câncer da dona Dilma foi mentira? Alguém disse pra ele isso aí, teve peito de dizer isso pra ele? Isso é uma canalhice típica desse sujeito. Típica desse sujeito. Não mereceu jamais ser presidente da República. O presidente da República é uma instituição quase sagrada. Eu tenho vergonha de um sujeito desse ter sido presidente da República — completou Heleno, que chegou a bater na mesa durante sua fala.

"Na mão do cachaceiro, não vai dar certo"
O militar fez falas críticas ao atual presidente outras vezes durante sua passagem no 1° escalão do governo federal. Em uma delas, logo após o fim da campanha eleitoral de 2022, ele chegou a chamar Lula, então presidente eleito, de cachaceiro.

— Vamos torcer para que tenhamos um futuro melhor. Na mão do cachaceiro, não vai dar certo — falou o militar ai deixar o Palácio da Alvorada.

Na mesma ocasião, ele lamentou o fato de Lula não estar internado e falou que "infelizmente ele não estava doente".

— Esse negócio do Lula estar doente, não tá, infelizmente. Infelizmente é mentira — disse.

"Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se"
O ex-ministro, em 2020, virou suas críticas também para os deputados e senadores. Durante uma cerimônia no Palácio o Planalto, sem saber que o sistema de som estava ligado, queixou-se dos parlamentares:

— Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se — falou.

A declaração gerou reações e o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, chegou a classificar a fala como “infeliz”.

“Foi uma frase infeliz do ministro. Geralmente na vida quando a gente vai ficando mais velho, a gente vai ganhando equilíbrio, experiência e paciência. O ministro pelo jeito está ficando mais velho e está falando como um jovem, um estudante no auge da sua idade, da sua juventude. É uma pena que um ministro com tantos títulos tenha se transformado em um radical ideológico contra a democracia, contra o Parlamento. Muito triste", rebateu Maia em entrevista ao Valor.