Senadora Mara Gabrilli acusa Lula de capacitismo: "Passou da hora de estudar mais"
Declaração do presidente foi dada em meio a comentários sobre o período pós-operatório que ele terá de enfrentar
A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) classificou declarações do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que atrelou a ideia de beleza ao não uso de muletas ou andador, como uma "fala capacitista".
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira, a parlamentar, que é tetraplégica, defendeu que o auxílio dos suportes para pessoas deficientes "não enfeia ninguém, tampouco subtrai o potencial do ser humano".
— Vemos o quanto a pessoa deve lutar para conseguir exercer cidadania neste país. Estamos falando de tecnologias assistivas, ferramentas que Lula deveria trabalhar para garantir aos brasileiros — frisou Gabrilli, acrescentando que “passou da hora de o presidente estudar mais sobre o universo das deficiências”.
A fala de Lula ocorreu durante o programa Conversa com o Presidente, veiculado todas as semanas nas redes sociais do chefe do Executivo. Na transmissão, o petista comentava o período pós-operatório que terá de enfrentar após se submeter a uma cirurgia no quadril, marcada para a próxima sexta-feira.
— Até lá vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião. Vou trabalhar normalmente. O (Ricardo) Stuckert (fotógrafo do presidente) não quer que eu ande de andador. Ele já falou: "Não vou filmar você de andador" — disse Lula na live.
— Então significa que vocês não vão me ver de andador ou de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado.
O presidente, que sente dores no quadril desde agosto de 2022, também afirmou que a cirurgia não foi realizada antes para que as pessoas não achassem que ele está velho.
Para Mara Gabrilli, as declarações do presidente na live são recrimináveis porque ele "deveria enaltecer a diversidade humana ao invés de diminuir as diferenças". A senadora ficou tetraplégica após sofrer um acidente de carro em 1994.
No ano passado, ela concorreu à vice-presidência na chapa com Simone Tebet (MDB), hoje ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil.