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Parlamento espanhol rejeita investidura de líder da direita, que ataca Sánchez e catalães

Mesmo sem apoio necessário para formar governo, Alberto Nunez Feijóo fará na sexta-feira (29) sua segunda tentativa de formar governo

O líder da direita espanhola, Alberto Núñez Feijóo, durante investidura no Parlamento - AFP

O líder da direita espanhola, Alberto Núñez Feijóo, não obteve apoio suficiente do Parlamento, que rejeitou nesta quarta-feira (27), como era esperado, sua candidatura para tomar posse como presidente do governo. O fracasso na primeira votação ativa agora uma contagem de dois meses para outro candidato tentar formar governo, antes de serem convocadas novas eleições legislativas.

Será a oportunidade de o presidente do governo cessante, o socialista Pedro Sánchez— que nos últimos anos demonstrou a sua grande capacidade de sobrevivência política — de tentar ganhar a confiança do Parlamento para ser reintegrado como chefe do Executivo.

Apesar de ter ganhado as eleições legislativas de julho, o Partido Popular (PP), de Feijóo, não tinha os 176 votos necessários para torná-lo primeiro-ministro, mesmo com o apoio da legenda de extrema direita Vox. Nesta quarta, o político galego, de 62 anos, obteve 178 votos contra e 172 a favor, e agora passará por uma segunda votação na sexta-feira, onde uma maioria simples também seria suficiente. Mas, exceto por uma grande surpresa, também não conseguirá os votos necessários.

O líder do PP foi encarregado pelo rei Felipe VI de tentar formar governo, mesmo sabendo que ele não teria a base necessária para isso. Ciente da derrota certa, Feijóo passou grande parte da sessão de investidura atacando Sánchez e os independentistas catalães, de quem o socialista depende se quiser ser novamente eleito primeiro-ministro.

Sánchez tem o apoio da frente de esquerda Sumar, mas precisa dos partidos independentistas, dentre eles o catalão Junts, que tem sete cadeiras no Parlamento. O líder exilado da legenda independentista, Carles Puigdemont, impôs como condição central do apoio que o governo promova a anistia aos condenados por participar da tentativa de independência da Catalunha, em 2017, executada à revelia do governo central. Puigdemont foi o líder do movimento e vive na Bélgica para evitar a prisão.

Afirmando defender o “interesse geral” e a “igualdade” do povo espanhol, Feijóo mostrou-se como a alternativa ao atual governo, que, segundo ele, lidera um “modelo de chantagem e de concessões com quem não acredita em nosso país”.

"Senhor Sánchez, ser ou não presidente vai depender do que o senhor Puigdemont quer ou não" disse Feijóo. "O que o movimento independentista propõe é um ataque direto aos valores democráticos essenciais ao nosso país".

Otimista com a volta ao poder, o presidente do governo, que já perdoou em 2021 os condenados à prisão pela fracassada tentativa de independência, ainda não se pronunciou publicamente sobre uma possível anistia. Indicou, no entanto, que seria “coerente com a política de normalização e estabilização da situação política na Catalunha”, que tem seguido desde que chegou ao poder, em 2018.

"A anistia ou qualquer fórmula equivalente ou análoga é um instrumento adequado para superar o conflito catalão. Isso seria suficiente, certo? Pois não. Não vou defender isso. Tenho princípios, limites e uma palavra" rebateu Feijóo, nesta quarta-feira (27).