RACISMO

Rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense registra em delegacia ofensas racistas

Jovem, que está indo para o segundo ano no posto, diz ter sido alvo de agressões após postar vídeo sambando, no último sábado (23)

Rainha de bateria Maria Mariá - Reprodução/Instagra,

A rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá, de 20 anos, compareceu nessa manhã à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na companhia de seu advogado, para registrar boletim de ocorrência contra os ataques raciais e de misoginia sofridos na internet. A jovem, que está indo para o segundo ano no posto, diz ter sido alvo de ofensas de internautas, após postar vídeo sambando, no último sábado, durante as eliminatórias de samba-enredo para o carnaval de 2024.

Na ocasião, ela usava uma longa trança, que durante a dança roçou em algumas ritmistas que estavam próximas dela. "Incrível como essas minas adoram jogar esses cabelos de boneca velha na cara dos outros", reagiu uma internauta.

Algumas pessoas também reagiram à postagem insinuando que a rainha de bateria estaria atrapalhando integrantes que tocavam chocalho, com o movimento de suas tranças:

"Se eu fosse (integrante) do chocalho eu acenderia um isqueiro na trança dela e ela não ia nem ver de onde veio o fogo", escreveu uma pessoa na publicação. "Eu puxava essas tranças feias ou ela ia conhecer o som do chocalho", disse outra.

A rainha de bateria disse que resolveu procurar a delegacia para registrar a queixa porque não quer que esse tipo de crime fique impune. Ela revelou que, como uma menina negra, já vivenciou várias formas de racismo, mas considerou essa mais grave porque se originou de um vídeo que viralizou na internet, somando até o momento mais de 2 milhões de visualizações.

"Estou aqui para registrar tudo e tomar todas as medidas legais porque as pessoas acham que podem falar (o que bem entenderem) e nada vai acontecer. Mas não é bem assim. Espero que essas pessoas aprendam que racismo é crime sim e que não se repita. O perigoso é achar que a pessoa vai ser racista e sairá impune. Não é bem assim" disse.

A Imperatriz Leopoldinense divulgou nota oficial em apoio à rainha de bateria e em repúdio aos ataques sofridos pela integrante da agremiação.

 

"O conhecimento e a luta contra qualquer forma de racismo, seja ele individual, estrutural, institucional ou ambiental, são pautas urgentes. Como característica singular, a humanidade nos une através da pluraridade. O Carnaval, por si só, une os povos em festa, amor e empatia", diz o texto.

Confira a manifestação da escola, na íntegra:
O G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense manifesta, publicamente, repúdio aos recentes ataques racistas sofridos pela nossa Rainha, Maria Mariá. O conhecimento e a luta contra qualquer forma de racismo, seja ele individual, estrutural, institucional ou ambiental, são pautas urgentes. Como característica singular, a humanidade nos une através da pluralidade. O Carnaval, por si só, une os povos em festa, amor e empatia. A luta para exorcizar este modo CRIMINOSO de agir e pensar é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. A Imperatriz e Maria Mariá, através de seus advogados, tomarão as medidas cabíveis contra os agressores. Racistas não passarão!

"Vamos louvar o canto da massa. Unindo as raças pelo respeito. Vamos à luta pelos direitos Uma banana para o preconceito".