Após tomar "baculejo" de deputados do PSD, Padilha diz que governo ainda não decidiu sobre Funasa
Ministro das Relações Institucionais foi cercado por parlamentares na terça no Palácio do Planalto para ser cobrado por definição na estatal
Um dia após ser cobrado publicamente por parlamentares do PSD, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quarta-feira que ainda não há definição sobre as indicações para a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), inclusive para o seu comando.
Na terça-feira, após uma cerimônia no Palácio do Planalto, Padilha foi cercado por parlamentares do PSD que faziam cobranças sobre uma série de assuntos, entre eles os pleitos em relação à Funasa. A cena foi presenciada por jornalistas que acompanhavam o evento.
— Primeiro vamos ajustar as informações. A bancada do PSD, como outros partidos, pleiteiam o tema da Funasa há bastante tempo. A bancada já formalizou isso inclusive. Só reforcei pra eles que não tem definição ainda por parte do governo de como é o modelo da estrutura da Funasa.
Padilha deu as declaração abraçado com o deputado federal Antônio Brito (BA), líder do partido na Câmara dos Deputados e que estava entre os parlamentares que fizeram cobranças nesta terça-feira. O parlamentar afirmou que era "lógico" que os assuntos estavam resolvidos.
Em tom de brincadeira, Padilha falou que os jornalistas não faziam "ideia do que eles (parlamentares)" fazem "quando é por portas fechadas".
— Eu sei que vocês ficaram chocados pelo baculejo que eu recebi ontem (...). Vocês não têm ideia do que eles fazem comigo quando é por portas fechadas. Foi ameno ontem porque tinha câmeras, imprensa.
O PSD, assim como outros partidos, têm pedido ao governo nomeações no comando da Funasa. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que a Funasa "faz parte do acordo com o Republicanos", que entrou no governo após a última reforma ministerial de Lula.
A Funasa é tradicionalmente controlada por partidos do Centrão e nos últimos anos foi turbinada com emendas para atender às bases dos parlamentares. O PSD da Câmara exerceu influência sobre a pasta de 2020 a 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, quando o então líder do partido na Casa, Diego Andrade (MG), escolheu apadrinhados para comandar a estrutura.
Ao assumir a Presidência, Lula decidiu extinguir a Funasa e redistribuir as principais funções para o Ministério das Cidades, comandado pelo emedebista Jader Filho. A medida não foi aceita pelo Congresso, que agiu para fazer com que a medida provisória sobre o assunto deixasse de valer, o que obrigou o governo a recriar a Funasa.
Hoje o órgão está sob um comando interino e em processo de reestruturação. No ano passado, o orçamento era de R$ 3 bilhões, mas hoje ainda não se sabe o tamanho da estrutura. Após ter perdido a batalha para fazer a MP, integrantes do Ministério das Cidades desistiram de entrar em embate com o Centrão e aceitaram que o órgão voltasse ao Ministério da Saúde.
Saúde
Uma outra demanda são repasses do recurso federal na saúde para o Rio de Janeiro. Durante as cobranças desta terça-feira, a deputada Laura Carneiro chegou a mencionar a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e afirmou que "se a gente dançar, a Nísia vai dançar também".
Padilha, no entanto, afirmou nesta quarta-feira que as cobranças não tinham relação com as emendas.
— Não tem nada a ver com emenda do Rio. A cidade do Rio de Janeiro tem uma situação específica em relação à situação da Saúde, uma portaria feita pelo governo anterior que não foi paga pelo governo anterior, então tem um pleito do prefeito do rj que o min da saúde possa refazer a portaria, adequar para um modelo parecido.
As cobranças foram gravadas pela CBN e testemunhadas por outros jornalistas que estavam no local. Ao final da conversa com os parlamentares, Padilha brincou com os jornalistas que havia levado um "baculejo".
— Vocês viram o verdadeiro 'baculejo' que a (deputada) Delegada Katarina deu em mim, vocês viram, né?