RIO DE JANEIRO

Caso Kayky Brito: entenda os cinco principais pontos da conclusão da investigação pela polícia

Delegado pediu o arquivamento do inquérito. Relatório mostra porque não pode ser imputado com qualquer fato criminoso ao motorista

Ator Kayky Brito é atropelado no Rio - Reprodução/Instagram

A Polícia Civil do Rio concluiu nesta quarta-feira o inquérito que investiga o atropelamento do ator Kayky Brito, em 2 de setembro deste ano. O acidente aconteceu quando Kayky atravessava a Avenida Lúcio Costa, na altura do Posto 6, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

A vítima teve politraumas pelo corpo e traumatismo craniano. No último dia 22, o ator teve alta do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Copa D'Or, na Zona Sul, onde está internado. Durante pouco mais de uma semana, ele foi mantido sedado e com ventilação mecânica. Com a evolução de seu quadro de saúde, Kayky foi transferido para um quarto, onde mantém tratamentos com fisioterapia e fonoaudiologia.

O relatório feito pela polícia e entregue ao Ministério Público do Rio (MPRJ) lista motivos pelos quais não pode ser imputado com qualquer fato criminoso ao motorista. O delegado titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), responsável pela investigação, afirmou que pedirá o arquivamento do inquérito. Veja os principais motivos:

Motorista prestou socorro e não estava embriagado
Logo após o acidente, o motorista Diones Coelho da Silva estacionou o veículo e chamou o Corpo de Bombeiros. Ao ser levado para a 16ª DP para prestar depoimento, ele contou que Kayky “cruzou à pista repentinamente correndo” no momento em que ele passava pelo local. Diones realizou, ainda naquela madrugada, um exame de alcoolemia, substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos, feito no Instituto Médico-Legal (IML), que deu negativo.

Passageira nega alta velocidade
No momento da colisão, Diones, que é motorista de aplicativo, transportava uma mulher e uma criança. Em depoimento, a passageira, Maria Estela Lima, afirmou que o motorista não estava em alta velocidade e que prestou socorro à vítima:

— Ele não estava em excesso de velocidade, ele estava bem tranquilo. Durante a colisão, o meu corpo nem foi tanto para a frente. O motorista estava em uma velocidade tranquila, mas eu estava muito nervosa porque estava com a minha filha. Eu teria percebido se ele estivesse correndo muito e teria pedido para ele reduzir a velocidade porque eu estava com a minha filha — afirmou ela.
 

Motorista estava abaixo da velocidade
No curso da investigação, a polícia solicitou ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) um exame para atestar a velocidade do veículo no momento do acidente. O laudo, feito a partir de imagens de câmeras de segurança, aponta que Diones trafegava a uma média de 48 km/h no momento da colisão. A velocidade máxima permitida na via é de 70 km/h.

Pouco tempo de reação
O laudo produzido pelo ICCE aponta, ainda, que Diones não teve tempo suficiente de reação. Em trecho do documento, os peritos afirmam que “a distância que o veículo se encontrava do pedestre no instante em que este inicia a travessia, mesmo com a velocidade abaixo da máxima permitida de 70 km/h, era insuficiente para que o condutor percebesse, reagisse e parasse”.

Segundo os cálculos feitos pelos peritos, para o atropelamento ser evitado, a distância entre Kayky e o veículo deveria ser de 26,6 metros. Porém, quando o ator tenta cruzar a pista, o carro estava a cerca de 9,8 metros dele. A colisão ocorreu 0,73 segundos depois.

Motorista dirigia atento
Segundo Lages, o vídeo feito pelo celular do motorista do interior do veículo mostra que Diones prestava atenção no trânsito. Nas imagens, é possível observar que o motorista chega a ficar nervoso quando Kayky aparece na frente do carro e acaba atropelado.

Ao perceber que alguém passa correndo na frente do Fiat Cronos, Maria Estela, que está com a filha de 10 anos, reage: “Meu Deus”. A fala é interrompida pelo barulho do impacto da batida do carro em Kayky. Diones para o carro e puxa o freio de mão. A filha de Maria Estela se agita e ela acalma a criança.

“Jesus amado. Senhor”, diz Diones, abalado. A passageira pergunta: “Está tudo bem com você?”. O motorista responde: “Estou, mas o cara…”. Em seguida ele tira o cinto de segurança e se prepara para saltar do carro, assim como Maria Estela.

Relembre a dinâmica do acidente
Kayky estava num quiosque, na altura do Posto 6, quando resolveu buscar algo em um carro, que estava estacionado do outro lado da rua. Ao sair do estabelecimento, o ator quase é atropelado pela primeira vez. Pouco após mexer no veículo, o ator corre atravessando a via. O carro de aplicativo se aproxima e colide com a vítima.

Em depoimento a policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o caso foi registrado, o motorista de aplicativo disse que tentou mudar de faixa, mas que não conseguiu evitar o acidente. O vídeo mostra o veículo se aproximando da faixa da direita enquanto tenta desviar do ator.

O motorista não consegue desviar completamente ou reduzir o suficiente para evitar o impacto. Kayky é atingido entre as duas faixas da Avenida Lúcio Costa. Após o impacto, o carro para na faixa da direita e o motorista aciona o Corpo de Bombeiros. Ao ser socorrido, o ator é levado para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, mas logo depois é transferido para o Copa D'Or, onde segu