RIO DE JANEIRO

Preso por matar crianças a marretadas ligou para ex dizendo que filha implorou para não morrer

Em depoimento à polícia, Nayla Maria Gonçalves revelou detalhes da noite em que sua filha, sobrinha e irmã foram brutalmente agredidas pelo ex-marido

David de Souza Miranda foi preso - Reprodução

Em depoimento à polícia, Nayla Maria de Albuquerque, de 24 anos, disse ter recebido uma ligação de David Souza Miranda, de 39, às 23h45 de sexta-feira (22). Nela, o homem teria avisado que a filha deles, Luísa Fernanda da Silva Miranda, de 5 anos, implorou para não ser morta.

O homem foi preso no sábado, suspeito de ter marretado a menina e a sobrinha Ana Beatriz, de 4 anos, também assassinada. Além delas, ele teria atacado ainda a ex-cunhada Natasha Albuquerque, de 30, internada em estado grave no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste.

À polícia, Nayla disse que David, a quem já denunciou por agressões e tem medida protetiva, insistiu para ver a filha na sexta-feira. Eles teriam combinado de a menina ir à casa dele às 22h na companhia da tia Natasha, a única pessoa adulta da família que podia ter contato com ele, e da prima Ana Beatriz. No local, o homem teria agredido as três com golpes de marreta e, posteriormente, ateado fogo na casa.

Cerca de duas horas depois, de acordo com o depoimento de Nayla, David teria ligado, dizendo que ela: "tinha causado uma desgraça na família e que sua filha tinha implorado para não morrer". A frase faz menção às denúncias feitas por ela à polícia sobre as agressões sofridas contra ele, que era "agredida fisicamente durante todo o relacionamento". Além disso, contou que a filha Luísa Fernanda assistia às cenas de agressão e também era vítima dele. Segundo Nayla, em uma ocasião, David teria batido em Luísa de tal forma que a menina ficou com a perna roxa. Ele dizia que era uma maneira de corrigi-la.

Nayla conta que soube do incêndio por meio da facção criminosa que domina a comunidade onde mora. Ela relatou ter ficado preocupada com a demora da irmã e das meninas à sua casa e que, por isso, pediu aos traficantes que fossem até à casa de David. No local, testemunhas disseram que duas crianças e uma mulher haviam sido levadas, em estado grave, a hospitais. No Albert Schweitzer, soube que a filha havia chegado sem vida.

Relembre o caso
Luísa Fernanda da Silva Miranda, de 5 anos, e sua prima, Ana Beatriz Gonçalves da Silva, de 4 anos, deram entrada já mortas em unidades de saúde da Zona Oeste do Rio na madrugada de sábado (23). Natasha Maria Silva de Albuquerque, de 30, mãe de Ana Beatriz, está em estado grave no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. As três foram espancadas dentro da casa onde morava David Souza Miranda, pai de Luiza. Após as agressões, ele teria ateado fogo na residência e fugido.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o Quartel de Campo Grande foi acionado para conter um incêndio na casa, localizada na rua Caminho do Abel. Chegando ao local, depois das 23h desta sexta-feira, foram parados por moradores para socorrer a mulher, vítima de queimadura; as meninas já haviam sido socorridas por vizinhos.

Segundo a Polícia Militar, agentes foram acionados para checar uma ocorrência de violência contra a criança, após as meninas, vítimas de queimadura, terem sido socorridas por vizinhos para a unidade e para a Upa de Bangu. David Souza Miranda foi preso na Tijuca enquanto estava em fuga.