CPI do DF

Presidente da CPI exibe vídeos de bolsonarista no 8/1: "Dá para entender por que está presa?"

Presa desde janeiro, Ana Priscila Azevedo depõe na comissão distrital

A bolsonarista Ana Priscila Azevedo e o presidente da CPI do DF, Chico Vigilante (PT) - Reprodução/TV Câmara Distrital

Apontada como uma das principais lideranças do acampamento instalado em frente ao QG do Quartel do exército em Brasília, a bolsonarista Ana Priscila Azevedo depõe nesta quinta-feira na CPI dos Atos Golpistas da Câmara do Distrito Federal. Logo após sua fala inicial, o presidente da Comissão, deputado distrital Chico Vigilante (PT), questionou sobre a presença e atuação da manifestante durante os ataques as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, em Brasília. Após negar ter invadido os prédios públicos, Vigilante exibe imagens que contestam a afirmação de Ana Priscila.

— A senhora esteve na Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023? A senhora invadiu prédios públicos? Divulgou vídeos comemorando o golpe que estava aplicando na democracia? E debochou do ministro Alexandre de Moraes?

A depoente respondeu:

— Eu estive presente, mas não invadi prédio público — declarou Ana Priscila.

Após a afirmação, Vigilante pede a exibição de vídeos do dia 8 de janeiro, em que Ana Priscila sobe está ao lado de outros golpistas. Nas imagens, ela celebra a invasão em Brasília, xinga ministros do Supremo e aparece subindo a rampa do Congresso. Após a exibição, Vigilante questiona a depoente:

— Era a senhora que estava ali, né?

— Sim, senhor — responde.

— Agora dá para a senhora entender por que está presa? — ironiza o petista.

"Incitadora de atos"
Presa desde o dia 11 de janeiro por participação nos atos do 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo foi convocada a depor como testemunha na comissão distrital após ser apontada em investigações como uma das organizadoras dos ataques.

O requerimento da deputada Paula Belmonte (Cidadania) aponta que Ana Paula aparece em vídeos celebrando a depredação dos prédios dos Três Poderes, enrolada em uma bandeira do Brasil. O texto apresentado pela parlamentar também cita uma live realizada no dia 5 de janeiro, em que a manifestante antecipa o que viria a acontecer no domingo: 'Nós vamos colapsar o sistema, nós vamos sitiar Brasília, nós vamos tomar o poder de assalto, o poder que nos pertence', disse, na ocasião.

No documento da CPI, Ana Priscila também é apresentada como ligada a grupos extremistas no Telegram, em que convoca os 30 mil membros a irem para Brasília. No dia 6 de janeiro, ela cita “caravanas vindas de todo o Brasil” e diz que “a Babilônia vai cair”.

Relatórios sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apontam os supostos "articuladores dos atos intervencionistas" que contestaram, sem provas, o resultado das eleições e culminaram na invasão em Brasília. Os documentos, obtidos pelo Globo em janeiro, indicavam que por trás da escalada golpista havia um grupo formado por produtores rurais e um núcleo de pessoas identificadas como "incitadoras" da depredação de prédios públicos no início deste ano. A agência cita Ana Priscila como uma das principais “incitadoras” dos atos.

Ela foi presa pela Polícia Federal em 10 de janeiro, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, e se encontra detida na Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia. Ana Priscila se filmou durante a invasão, rindo e brincando com um companheiro sobre um carro da polícia estar sendo jogado em um dos espelhos d’água do Congresso Nacional.