DESENVOLVIMENTO

Modelo integral transformou o ensino e destacou Pernambuco no cenário nacional; entenda

No modelo de ensino integral, os educadores trabalham os estudantes em vários aspectos do aprendizado

Escolas em tempo integral transformaram o ensino em Pernambuco - Filipe Jordão/ SEE-PE

Em 2004, a Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Ginásio Pernambucano (GP), localizada no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, tornou-se a primeira instituição de Ensino Médio em Tempo Integral do Brasil. À época, o modelo de educação integral chamava-se Centro de Ensino Experimental. 

Apenas em 2008, com a Lei Complementar nº 125, de 10 de julho de 2008, foi criado o Programa de Educação Integral. De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco, a Política de Ensino Médio Integral no Estado foi pioneira e visionária ao transformar as escolas em espaços produtivos, sustentáveis e com a problematização do presente para embasar um amanhã próspero. 

A sua materialização, em 2008, ratificou a mudança expressiva na oferta do Ensino Médio na Rede Estadual de Educação. “Muita gente se refere ao tempo na educação integral, um tempo estendido, que é uma diferença entre as escolas em tempo parcial, conhecidas como as escolas regulares. Na integral, ampliamos esse período, mas o tempo funciona como mais uma ferramenta para podermos trabalhar o estudante na sua integralidade”, afirmou o gerente geral de Educação Integral de Pernambuco, Gilson Alves.

Segundo a SEE, a aposta no tempo integral como estratégia para materialização de uma educação integral obteve êxito no Estado por aliar a filosofia da educação interdimensional, postulada pelo educador mineiro Antônio Carlos Gomes da Costa, com a adoção de instrumentos gerenciais de planejamento, acompanhamento e avaliação em cada uma das escolas do programa. Ainda de acordo com Gilson Alves, Pernambuco trabalha com três pilares na educação integral. São eles: protagonismo estudantil, presença educativa e educação interdimensional. 

Rede Estadual passa por transformações

Desde a criação do Programa de Educação Integral, a rede estadual de ensino tem passado por transformações na oferta da etapa final da Educação Básica, o Ensino Médio, com expressivos resultados trazendo Pernambuco para o pódio nacional no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), se tornando o Ensino Médio mais atrativo do país. 

Segundo a evolução das notas do Ideb de Pernambuco, entre 2007 e 2021, o Estado avançou significativamente na qualidade do ensino. Em 2021, o Estado obteve a nota 4,5. Já em 2007, a nota era 2,7. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). 

Atualmente, as escolas integrais detêm a maior parte das matrículas no Ensino Médio. Isso configura o programa de educação integral não apenas como um caráter de universalização de acesso, mas, especialmente, de maturidade, alicerçada na preservação da sua essência, que é a educação interdimensional.

“Foi visto também que os estudantes da educação integral adquirem um protagonismo ou descobrem o seu protagonismo dentro dessas escolas de acordo com os estímulos que são dados na metodologia do ensino integral”, explicou o gerente. “Com isso, nós vemos no futuro os estudantes com boas aprovações no Enem, bem colocados no mercado de trabalho, e vários benefícios que eles vão adquirindo ao longo da vida”, disse.  

Pernambuco conta com 579 escolas com ensino integral

A rede escolar pernambucana conta, em 2023, com 579 escolas de ensino integral. Dessas, 322 são em jornada integral de 45 horas e 257 em jornada integral de 35 horas semanais, sendo 39 delas em jornada integral de 35 horas clássica, 57 com dupla jornada integral de 35 horas, ofertando, exclusivamente, o Ensino Médio, e 87 com dupla jornada integral de 35 horas, ofertando o Ensino Fundamental e Médio. Além disso, são 74 Escolas de Referência em Ensino Fundamental com jornada integral de 35 horas. 

Neste universo de escolas de referência, Pernambuco atende 212.182 estudantes, distribuídos nos 184 municípios e em Fernando de Noronha. “Pernambuco, hoje em dia, em termos de Brasil, é visto como modelo. Normalmente, nós recebemos algumas comitivas dos estados para dialogarmos e explicarmos sobre o que nós viemos amadurecendo ao longo do tempo. Acabamos de fazer 15 anos da Política Pública da Educação Integral, e o interessante de Pernambuco é que viemos evoluindo com o tempo”, acrescentou. 


Juntos pela Educação traz investimentos de R$ 5,5 bilhões

Em junho de 2023, a governadora Raquel Lyra lançou o Juntos Pela Educação, maior programa de investimentos da rede pública de ensino da história do Estado, totalizando R$ 5,5 bilhões. A educação integral é uma das prioridades do programa. 

Para garantir a melhoria na qualidade da educação básica, foi criado um regime de colaboração com os municípios por meio do apoio financeiro de R$ 2,8 bilhões. O Governo do Estado oferece assistência técnico-pedagógica e apoio à implantação de escolas municipais em tempo integral de ensino fundamental. Além disso, o plano foca na criação de 15 mil vagas na educação integral nos municípios.

No eixo que contempla a melhoria do ensino da rede estadual, a SEE vai reformar e ampliar 36 escolas de tempo integral, além de outras ações. “A partir do momento que ampliamos a educação integral, aumentamos o investimento na educação de qualidade do nosso Estado. E, com isso, iniciamos, com a etapa do Ensino Médio dentro da educação integral, a universalização do Ensino Médio, onde vimos que mais de 70% dos estudantes do 1º ano estão matriculados dentro do ensino médio integral”, comentou Gilson. 

“Estamos com um setor responsável só para fazer o monitoramento e a execução das obras de infraestrutura nessas escolas. Está previsto que no mínimo 36 escolas serão transformadas de regulares para integral no Governo, além do aumento de mais 15 escolas técnicas”, acrescentou.