ESTADOS UNIDOS

Biden acusa Trump de incitar a violência e alerta sobre ameaça à democracia caso o rival seja eleito

Embora costume evitar mencionar o republicano pelo nome, o presidente não poupou críticas ao seu antecessor, numa mudança de abordagem apoiada pelos democratas

Reeleição de Joe Biden divide establishment e eleitores do Partido Democrata - Kent Nishimura/AFP

O presidente Joe Biden fez um um ataque contundente contra o ex-presidente Donald Trump nesta quinta-feira, acusando seu antecessor de incitar a violência, buscar poder irrestrito e conspirar para minar a Constituição americana se ele retornar ao cargo nas eleições do próximo ano.

Em sua condenação mais direta de seu principal concorrente republicano em meses, Biden retratou Trump como um autocrata em ascensão, sem fidelidade aos princípios da democracia americana e motivado pelo ódio e pelo desejo de vingança.

Embora ele costume evitar mencionar Trump pelo nome, Biden desta vez não poupou críticas ao oferecer um aviso sombrio sobre as consequências de um novo mandato do republicano.

— Esta é uma noção perigosa, de que um presidente está acima da lei, sem limites de poder — disse Biden em um discurso em Tempe, Arizona. — Trump afirma que a Constituição lhe deu, cito, "o direito de fazer o que quiser como presidente". Eu nunca ouvi um presidente dizer isso em tom de brincadeira. Não guiado pela Constituição ou pelo serviço comum e decência para com nossos compatriotas, mas pela vingança e pela retaliação.

Biden citou comentários recentes de Trump prometendo "retaliação" contra seus inimigos, acusando a rede NBC News de "traição" e sugerindo que o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, que está deixando o cargo, mereça ser condenado à morte.

O presidente também criticou planos desenvolvidos por aliados de Trump para minar a independência de agências importantes, eliminar grande parte dos escalões superiores do serviço público e fazer com que altos funcionários do governo sejam pessoalmente leais a ele.
 

— Assumir o poder, concentrar poder, tentar abusar do poder, purgar e preencher instituições-chave, propagar teorias da conspiração, espalhar mentiras para obter lucro e poder para dividir a "América" de todas as formas, incitar a violência contra aqueles que arriscam suas vidas para manter os americanos seguros, utilizar contra a própria essência do que somos como americanos... — disse Biden. — Essa ameaça do Maga [sigla do slogan "Make America Great Again", de Trump] é uma ameaça às bases de nossas instituições democráticas. Também é uma ameaça ao caráter de nossa nação.

O ataque direto a Trump representou uma mudança significativa para Biden, que passou meses principalmente destacando os benefícios de suas políticas enquanto ignorava a corrida para escolher um candidato republicano para desafiá-lo.

No entanto, discursos repetidos reivindicando o crédito pela "Bidenomics" não melhoraram suas baixas taxas de aprovação, já que muitos eleitores dizem a pesquisadores de opinião que se preocupam com a idade do presidente, que tem 80 anos. Mas independentemente das fraquezas de Biden, estrategistas democratas sustentam que os eleitores dos estados indecisos se voltarão para ele assim que a campanha se concentrar no contraste a Trump.

A nova abordagem mais agressiva recebeu elogios dos críticos de Trump. "Biden nunca fez um discurso mais importante, poderoso ou eloquente do que o que ele acabou de proferir sobre a importância crucial de proteger a democracia americana", escreveu o historiador presidencial Michael Beschloss nas redes sociais.