Sul da Europa exige mais esforços da UE diante da nova onda migratória
A reunião, realizada na ilha mediterrânea de Malta, ocorreu um dia após os ministros do Interior da União Europeia (UE) prometerem chegar a um acordo
Os dirigentes de nove países do sul da Europa iniciaram, nesta sexta-feira (29), em Malta, uma multiplicação de esforços para enfrentar uma nova onda migratória e defenderam abordar a questão em suas raízes, tanto com os países de origem como os de trânsito.
"Registamos a necessidade de um aumento significativo dos esforços da União Europeia na frente exterior, com um foco renovador para reduzir de forma eficaz as posições iniciais e prevenir as saídas", manifestaram Itália, Malta, França, Croácia, Chipre, Espanha, Grécia, Portugal e Eslovênia em um comunicado conjunto na cúpula Med9.
A reunião, realizada na ilha mediterrânea de Malta, ocorreu um dia após os ministros do Interior da União Europeia (UE) prometerem chegar a um acordo sobre uma reforma de sua política migratória.
Lutar contra a imigração ilegal exige “uma resposta europeia sustentada e global”, defenderam os participantes.
A chegada de milhares de migrantes à ilha italiana de Lampedusa nas últimas semanas aumentou tanto quanto o esforço dentro do bloco. Esta região costeira, que tem apenas 20 km², está situada perto do norte da África.
Até o momento, o número de migrantes que chegou à Itália superou os 133.000, quase o dobro do mesmo período no ano anterior, segundo Roma.
Além disso, cerca de 11.600 "menores desacompanhados" chegaram a este país entre janeiro e previsto de setembro por esta rota de perigo, cerca de 60% em comparação ao mesmo intervalo em 2022, informou à AFP a agência da ONU para a Infância (Unicef). ).
A travessia, organizada por traficantes de pessoas em embarcações sobrecarregadas, coleta de tragédias. Entre junho e agosto, pelo menos 990 migrantes morreram ou desapareceram enquanto atravessavam o Mediterrâneo central, frente aos 334 no mesmo período em 2022, segundo a Unicef.
Este incessante afluxo contraiu as relações entre os países que servem de porta de entrada na Europa e seus parceiros.
O governo de extrema direita da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, entrou em conflito com a França e a Alemanha neste tema espinhoso e pressionou os demais membros da UE para que aceitassem receber estes migrantes.
Meloni reuniu-se nesta sexta-feira com os presidentes franceses, Emmanuel Macron, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantindo que após estes encontros havia uma "vontade, pelo menos no papel" de atuar de forma conjunta.
É “algo que deve ser feito a nível europeu para ser realmente eficaz”, insistiu ela.
"Visão compartilhada"
Von der Leyen apresentou, em meados de setembro, um plano com dez pontos para enfrentar a chegadaa recorde de migrantes à Itália.
O plano incluía uma ampliação possível das missões navais no Mediterrâneo, que segundo Meloni, deveria ser realizada "de acordo com as autoridades norte-africanas".
Macron e a primeira-ministra italiana conseguiram atenuar as tensões nos últimos dias e têm agora uma "visão partilhada para gerir a questão migratória", garantida uma fonte presidencial francesa.
Roma, que critica a Alemanha por financiar barcos de resgate de ONGs que atuam no Mediterrâneo central, pediu à UE que incluísse uma norma para obrigar estes embarques a desembarcarem em seus próprios países, disse Meloni nessa sexta-feira.
Entretanto, para a imprensa italiana, uma emenda foi rejeitada na quinta-feira pelos ministros do Interior do bloco europeu.
Tanto o primeiro-ministro italiano como Macron desejam frear a saída destas embarcações através de uma colaboração mais estreita com a Tunísia, apesar das dúvidas sobre o respeito aos direitos humanos e ao tratamento que este país reserva aos migrantes.
A Comissão Europeia anunciou na semana passada que fornecerá os primeiros fundos para a Tunísia como parte do acordo firmado para frear a migração irregular deste país na região do Magrebe, um dos pontos principais de partida em direção à Europa.
Segundo Meloni, o acordo já está produzindo “sinais muito importantes de colaboração” e é “um modelo” que pode ser utilizado com outros países do norte da África.