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Em debate, Milei diz que não houve 30 mil desaparecidos na ditadura argentina

Nas redes sociais, o presidente Alberto Fernández respondeu à afirmação de Milei: "É insustentável que alguém continue negando e justificando a ditadura genocida"

Javier Milei, o candidato da extrema direita argentina - Luis Robayo/AFP

As propostas para combater a inflação, a fuga de divisas, a dolarização da economia ou o fim do Banco Central foram os temas que dominaram o primeiro debate, na noite de domingo (1º), de candidatos à presidência da Argentina, onde o primeiro turno das eleições acontecerá em 22 de outubro. Quarenta anos após o retorno da democracia ao país, o ultradireitista Javier Milei disse que o número de desaparecidos na ditadura militar do país foi menor do que o estimado por organizações de direitos humanos.

Milei questionou se a ditadura provocou 30 mil desaparecidos, como afirmam as organizações de defesa dos direitos humanos, e descreveu os anos do regime militar como uma "guerra" entre as forças do Estado e as guerrilhas.

"Não foram 30 mil desaparecidos, são 8.753. Somos contra uma visão de apenas um lado da história" disse Milei.

O presidente Alberto Fernández respondeu à afirmação de Milei. "É insustentável que alguém continue negando e justificando a ditadura genocida que torturou, assassinou, roubou bebês dos quais mudou a identidade, provocou desaparecimentos e condenou ao exílio dezenas de milhares de argentinos", escreveu o presidente na rede X (antes do Twitter).

Inflação
O ministro da Economia, Sergio Massa, candidato à presidência pela coalizão União pela Pátria, foi alvo das críticas dos demais aspirantes devido à crise que o país enfrenta, com uma inflação de mais de 120% em termos anuais e um índice de pobreza que supera 40% da população

"A Argentina está em decadência. Se continuarmos assim, em 50 anos seremos a maior favela do mundo", afirmou o candidato de extrema-direita Javier Milei, líder em várias pesquisas, que projetam sua presença no segundo turno eleitoral.

"Propomos a reforma do Estado, desregulamentar a economia, fazer privatizações e fechar o Banco Central. Se me deixarem, em 15 anos a Argentina pode alcançar níveis de vida como a Itália e a França, se me derem 20 anos, a Alemanha, e se me derem 30, os Estados Unidos" afirmou o economista.

Milei, 52 anos, entrou na política argentina em 2021, quando foi eleito deputado pela cidade de Buenos Aires. Em agosto, ele foi a surpresa das primárias presidenciais, quando foi o primeiro colocado, com 30% dos votos.

Em sua intervenção, Massa, um advogado de 51 anos, admitiu que a inflação é maior problema dos argentinos e pediu desculpas por não conseguir reduzir o índice de preços.

Ele afirmou que, se for eleito presidente, promoverá uma lei que permita o retorno ao país dos recursos depositados no exterior sem o pagamento de impostos, além de um plano de desenvolvimento das exportações.

As declarações foram criticadas pelos outros candidatos. "Explique aos argentinos como, sendo o pior ministro da Economia, você vai ser um bom presidente. Fez tudo errado. Dobrou a inflação", afirmou Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança no governo de centro-direita de Mauricio Macri (2015- 2019).

Myriam Bregman, candidata da Frente de Esquerda, criticou Massa por desvalorizar a moeda do país em quase 20% em 14 de agosto, um dia após as primárias, para cumprir uma exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual a Argentina tem um acordo de 44 bilhões de dólares.

O debate de domingo também abordou questões como educação e direitos humanos, temas em que Milei ganha destaque por suas posições polêmicas.