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Movimento Pró-Criança oferece cursos e facilita a inserção de jovens no mercado; saiba como ajudar

O Pró-Criança capacita desde a primeira infância até a adolescência. Possui três unidades na RMR, que atendem cerca de 31 mil pessoas

Movimento Pró-Criança completa 30 anos, impactando a vida de milhares de jovens - Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

O Movimento Pró-Criança, organização sem fins lucrativos fundada em 1993 pelo então arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, e alguns parceiros, completa 30 anos de existência em 2023.

Missão é dar novos rumos à vida de milhares de jovens da Região Metropolitana do Recife (RMR), por meio da educação. 

Ligado à Igreja Católica, o movimento possui três unidades: uma em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, e outras duas localizadas na Capital, nos Coelhos e no Recife Antigo.

Juntos, os centros atendem atualmente cerca de 31 mil pessoas, que chegam à instituição por demanda espontânea ou por encaminhamento de outros órgãos de acolhimento.

São oferecidas de atividades formativas que começam ainda na primeira infância até projetos de capacitação e inserção do mercado de trabalho.

“O Movimento Pró-Criança recebe crianças a partir dos sete anos, que ficam conosco até os 17. Todas as atividades que ofertamos são gratuitas. Na primeira infância, temos foco no desenvolvimento, então oferecemos aulas de judô, música, arte e dança. Também oferecemos programas voltados para a preparação para o mercado de trabalho na área de tecnologia, como informática e robótica juvenil, por exemplo”, disse a gestora da unidade dos Coelhos, Betânia Miranda.

“Esses cursos preparam o beneficiário para que ele possa se capacitar para o mercado e consiga um emprego. Temos ainda atividades preparatórias para as mães das crianças atendidas, com o Programa “Mãos de Mãe”, que possui atividades de estamparia e jogos educativos. São duas turmas por unidade (Piedade e Coelhos), com 20 pessoas por turma, todas às terças e quintas. Outro bom exemplo é o curso de educação social, que tem o objetivo de formar os jovens para um trabalho mais qualificado em instituições públicas e do terceiro setor”, completou.

Programa em expansão

No início, o Movimento Pró-Criança tinha como foco resgatar crianças que faziam parte de comunidades periféricas na RMR e que, muitas vezes, estavam expostas a ambientes violentos e precários.

Com o tempo, no entanto, o programa cresceu, e as redes, tanto de apoio quanto de atendimento, conseguiram evoluir para impactar ainda mais jovens.

“No momento da fundação, dom José Cardoso tinha o objetivo de formar, por meio da educação, os adolescentes que viviam nas ruas dos bairros periféricos da região. O trabalho da época tirava essas pessoas desse ambiente, no qual estavam expostas a drogas e violência, por exemplo, para um novo espaço de acolhimento, lazer e aprendizado, lembrou Betânia Miranda.

Depois de muitos anos e diversas parcerias, o atendimento foi ampliado, garantindo para esses jovens, conta Betânia, uma perspectiva de futuro.  

As três unidades do Movimento Pró-Criança se encontram em funcionamento contínuo em horários que não colidem com os compromissos escolares dos beneficiários.

Assim, os espaços funcionam de 8h às 11h e das 13h30 às 16h30. A organização também fornece alimentação para as crianças e adolescentes atendidos.

Impacto real na vida das pessoas

Betânia Miranda, que passou a contribuir para a instituição há 13 anos, ainda como estagiária, falou também da importância do papel de transformação do Movimento Pró-Criança não só nas vidas dos beneficiários, como também dos integrantes da organização.

“O impacto do programa é muito real. Sou gestora hoje em dia, mas cheguei aqui como estagiária, ainda em 2010. Depois de tanto tempo, posso afirmar que o Pró-Criança transforma vidas e realidades”, disse ela.

“Nós recebemos jovens que vêm de contextos de pobreza, de comunidades, e que conseguem vivenciar, através do trabalho que desenvolvemos, um impacto nas suas vidas. O Pró-Criança, nesses 30 anos, mudou e muda milhares de vidas. Sou muito grata pelo trabalho não só para os beneficiários, como também para todas as pessoas que compõem o projeto”, ressaltou.
 

Gleycy e Luciana: do Pró-Criança para o mundo


Gleycy Santos, de 16 anos, é natural de São Lourenço da Mata e conta que ingressou no Movimento Pró-Criança em busca de um local seguro e qualificado para praticar a sua maior paixão: o judô.

“Eu comecei a praticar judô ainda na escola, por meio de um programa que eles ofereciam. Quando o programa terminou, procurei uma escola particular, mas para praticar jiu-jitsu. Após alguns treinos, o dono do local falou comigo e combinamos que eu não pagaria nenhuma taxa e treinaria judô. Mas, com o tempo, vi que não estava me desenvolvendo ali e precisava sair”, começou.

O contato com alguns colegas que  integravam o Movimento Pró-Criança fez a diferença na mudança de rumo. “Após algumas conversas com a equipe de judô de lá, consegui ingressar. A minha experiência é muito boa porque eles dão todo apoio para a gente no desenvolvimento nos esportes. No Pró-Criança eu consigo me desenvolver como atleta e venho ganhando vários títulos”, completou.

A judoca vem ganhando renome na área e já chegou, inclusive, a conquistar a Medalha de Bronze nos Jogos Escolares da Juventude, disputados em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. De acordo com a jovem, a experiência foi única, e o papel do Movimento Pró-Criança apenas intensifica isso.

Outra jovem que teve a vida fortemente impactada pelo Movimento Pró-Criança foi Luciana Silva, conhecida nacionalmente por ter conquistado a medalha de ouro no Campeonato Sul-Americano de Judô na categoria sub-15 feminino, em 2017, quando tinha apenas 14 anos. Hoje com 20, ela cursa Educação Física e revela a importância da organização para todas as mudanças que aconteceram na sua trajetória.

“Eu entrei no Pró-Criança quando tinha seis anos e iniciei praticando capoeira. Daí, parti para artes marciais e, após quatro anos, decidi ir para o judô. Com o tempo, fui me destacando no esporte até chegar a campeonatos nacionais e internacionais, e posso afirmar que o movimento e o esporte são ferramentas de transformação social. Tudo que eu sou hoje eu devo ao Movimento Pró-Criança e ao judô”, destacou.

Gleycy e Luciana vêm se destacando no judô |  Foto: Paullo Allmeida



Segundo a judoca, as despesas de todas as suas viagens para campeonatos, como estadia e alimentação, foram pagas pelo Pró-Criança. Para ela, essa valorização do esporte por parte da organização, além de sua própria determinação, a levaram a um patamar que nunca imaginou alcançar.

“O papel do Pró-Criança é muito importante porque ele proporciona condições para que crianças e adolescentes tenham um futuro melhor” disse Luciana. “O principal objetivo é fazer com que elas saiam de lá como bons cidadãos. A gente que é da favela sabe da dificuldade de viver nesses espaços de vulnerabilidade. Eu sempre digo que a determinação supera o talento. Então a minha determinação, a minha disciplina, me levou a alcançar lugares inimagináveis”, afirmou.

“A vivência social que o Pró-Criança nos proporciona é muito importante. Eu mesma tive oportunidade de viajar, conhecer novas pessoas, novas línguas, e devo isso tudo ao judô e ao Movimento, porque meus pais provavelmente não poderiam me dar essas condições. Sou muito grata ao Pró-Criança”, finalizou Luciana Silva.


Serviço:
O Movimento Pró-Criança funciona a partir de parcerias e doações. Quem desejar contribuir pode acessar https://www.movimentoprocrianca.org.br/doacao ou ligar para 0800.031.8989.