CPI tem último depoimento na quinta e deve terminar sem ouvir Braga Netto e ex-comandante da Marinha
Presidente da CPI e governistas entraram em embate por conta da ausência de ex-ministro de Bolsonaro
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), anunciou que o colegiado terá seu último depoimento na próxima quinta-feira (5). A previsão é que a CPI ouça Beroaldo José de Freitas Júnior, da Polícia Militar do Distrito Federal.
A base do governo deseja que o PM seja substituído pelo general Walter Braga Netto, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o presidente da CPI resiste a pautar.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) pediu que Braga Netto, que já teve a convocação aprovada, participe do depoimento no lugar de Beroaldo. Apesar disso, Maia pediu para o assunto ser discutido em reunião amanhã e indicou a resistência a atender o pedido.
– Podemos discutir isso amanhã? Obviamente que na reta final o prazo é exíguo. Sei da preocupação de Vossa Excelência, mas também ressalto que nessa CPMI eu vejo muitas vezes as pessoas preocupadas com suas conveniências do que com a investigação – reclamou Maia.
– Se a preocupação maior for fazer uma investigação que abrangesse todas as questões que relacionam-se ao dia 8 de janeiro, nós teríamos trazido a Força Nacional. Por mais que houvesse a insistência obsessiva dessa presidência, nós não conseguimos trazer – completou.
A expectativa é de que os trabalhos da CPI Mista se encerrem daqui a duas semanas, no dia 17 de outubro.
Ainda não há acordo para nova sessão de requerimentos. A base do governo quer aprovar a quebra de sigilos do ex-presidente Jair Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e convocar o ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Por outro lado, o presidente da CPI já avisou que a comissão só vai aprovar os requerimentos dos governistas junto com os da oposição.
Ainda que queira aprovar novos requerimentos, o governo quer evitar a convocação de membros da Força Nacional, que podem servir para desgastar o ministro da Justiça, Flávio Dino.
A CPI ouve nesta terça-feira o empresário ruralista Argino Bedin. Ele já foi apontado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos suspeitos de financiarem ataques golpistas. Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, ele teve as contas bloqueadas por suspeita de financiar bloqueios de estradas no final do ano passado.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI, é uma das autoras dos requerimentos que chamaram Bedin à comissão e justificou o pedido por considerar que a participação dele "é relevante para que esta CPMI possa investigar e coletar informações pertinentes para desvelar os reais responsáveis pelo 8 de Janeiro de 2023".
Argino Bedin é o patriarca de uma família com tradição no agronegócio na cidade de Sorriso, Mato Grosso. Também da mesma família, Sergio e Luciano Bedin doaram R$ 160 mil para a campanha de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado.
Por decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, Bedin pode ficar calado diante de perguntas que tenham potencial de o incriminar.