Como evitar "estufamento" e moleza após as refeições; médica e nutricionistas orientam
Velocidade em que se conclui a refeição faz diferença, combinações de alimentos também
Enquanto chefs da gastronomia paulistana focam, cada vez mais, em opções focadas em evitar a sensação de moleza, inchaço e "estufamento" dos clientes após visitas em seus estabelecimento, especialistas em saúde ouvidos pelo Globo dão dicas sobre como evitar os mesmos tipos de desconforto em medidas simples.
A nutricionista Priscilla Primi, colunista do Globo mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), diz que é preciso ter atenção nas gorduras animais.
— Tudo que é gordura que vêm dos animais, como banha de porco, bacon ou as carnes gordas como cupim ou linguiça tem a digestibilidade lenta mesmo. A gordura é uma molécula complexa, para o corpo quebrá-la e absorvê-la, é necessário mais tempo e trabalho. Tem fundamento reduzir as gorduras animais — afirma a especialista. — Quando a gente come algo muito doce, há certa sonolência. Recebemos a energia, mas logo vem uma moleza. Esses carboidratos simples, como açúcar adicionado e farinhas brancas, levam ao pico de glicose e insulina e caem rapidamente. É esse movimento que nos causa esse efeito. É por isso que os chefs optam por grãos integrais, em que esse efeito ocorre de maneira mais lenta.
Já Tarcila Campos, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, lembra que a velocidade da refeição faz (muita) diferença.
— A velocidade de mastigação muda muito esse cenário (de estufamento). Às vezes o “como” estamos comendo fará muita diferença. O exercício de descansar o talher entre as garfadas é algo que praticamos muito no consultório. Às vezes, acabamos engolindo grandes pedaços de comida, o que não facilita o processo de digestão— diz a especialista. — A digestão começa na boca.
Bebidas leves, com moderação, a exemplo de chás de ervas, também podem ajudar o processo de digestão.
— Nos Estados Unidos, há medicações específicas para evitar esse "estufamento". O óleo e o chá de menta, por exemplo, são opções. A chave está no hormônio cck (colecistocinina). Por outro lado, alimentos com muitas fibras fazem a barriga distender de maneira mais rápida, o brócolis, o feijão, são ricos em fodmaps, altamente fermentáveis. Portanto, podemos tentar aumentar o cck com alimentos naturais, como o gengibre, ou reduzir esses alimentos altamente fermentáveis, ou quem sabe comer um abacaxi e consumir mais vinagre — diz a especialista. — Para pessoas assintomáticas, há pouca evidência científica para essas trocas, é importante dizer, mas há quem relate melhora.