SAÚDE

Saúde menstrual, uma aliada para além "daqueles dias"; veja o que consumir para otimizar efeitos

Primeira menstruação acontece, geralmente, no início da adolescência; sangramento ocorre quando há descamação do útero em casos onde não houve fecundação

Médica ginecologista Fernanda Carvalho aponta cenário onde a pobreza menstrual é vilã no desenvolvimento pessoal e profissional - Arquivo pessoal

Ainda ocupando lugar de tabu na sociedade, a menstruação é cercada de fatores que não são conhecidos amplamente. Um deles é o da saúde menstrual, que pode auxiliar as pessoas que passam por esse processo, para além “daqueles dias”, que simbolizam o período em que há sangramento vaginal em decorrência da descamação do útero onde não aconteceu uma fecundação.

Geralmente, a primeira menstruação acontece no início da adolescência, por volta dos 12 anos. O ideal é que sua frequência seja mensal, até a chegada da menopausa, que acontece entre os 45 e 55 anos, de acordo com o Ministério da Saúde.

Na contramão da saúde, encontra-se a pobreza ou precariedade menstrual. Isso acontece quando, em meio ao sangramento, não existem condições de acesso a absorventes ou itens de higiene básica. Em alguns cenários mais graves, até o acesso ao saneamento se torna uma problemática.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre mulheres e pessoas de até 17 anos, o segundo grupo é o que mais sofre com a pobreza menstrual. Nesse caso, a dificuldade de acesso à informação é uma das principais responsáveis.

A médica ginecologista Fernanda Carvalho detalha quais são os “sinais” para que a menstruação e seus fatores não tragam preocupações. “A mulher precisa conhecer o ciclo, entender como é que são as fases, como é que ela fica em cada uma, para entender se tem que ir ao médico. Se o fluxo aumentou ou se não está mais respeitando o intervalo entre as menstruações, se tem sangramento depois da relação sexual, se tem corrimento amarelo ou esverdeado com odor, se há dor na relação sexual”, exemplifica.

Do contrário, dificuldades marcam a existência do que é a pobreza menstrual, quando faltam recursos de suporte à pessoa que menstrua. “Afeta com higiene e saúde, quando não têm condições ou acesso a um absorvente. Mas tem muito mais que isso", coloca.

E exalta o papel da informação e a garantia do direito ao acesso à saúde. “Ela não vai ter banheiro na casa dela, não vai ter esgoto nem coleta de lixo, então é sobre as condições gerais. Tem esse tabu da menstruação que vem com desinformação. Então, a mulher passa a vida achando que menstruação é problema, mas sem conhecer o ciclo, sem saber o que é normal, o que não é. Muitas que sofrem com a pobreza menstrual, não têm acesso a médico”, enfatiza.

No próprio cenário da pobreza, pode haver, ainda, camadas mais afetadas. “A gente pensa na desigualdade social, na violação de direito para a mulher, e isso acontece principalmente com mulheres pobres da periferia. Em sua grande maioria, a gente está falando de negras. A pobreza menstrual tem conexão com pilares socioeconômicos”, crava.

Sem o cuidado adequado no presente, o futuro da saúde menstrual tem altas chances de ser afetado de forma negativa, assim como o desempenho no mercado de trabalho. “Se a mulher não tem acesso ao material para cuidar do período menstrual, ela vai usar jornal e miolo de pão, que causam infecções graves. Mulheres que sofrem pobreza menstrual faltam na escola. Além de tomarem medicação sem orientação, por não conseguirem médico”, alerta.

Alimentos que ajudam

A ingestão de água e alimentos específicos nesse período faz parte da recomendação da médica, que trouxe nove exemplos para terem o uso potencializado no período menstrual.

Segundo a especialista, o morango, por exemplo, tem propriedade antioxidante e anti-inflamatória, ajudando a diminuir a dor e a Tensão Pré-menstrual (TPM), assim como a linhaça.

A melancia é também recomendada porque tem potencial diurético, é rica em antioxidantes e vitaminas. A laranja é rica em vitamina C, além de potássio.

“Banana auxilia na saciedade e humor. A aveia tem efeito na inflamação, regula glicose, colesterol e flora intestinal”, cita. 

Quando a paciente apresenta alguma queixa nas mamas, a especialista recomenda o óleo de prímula, no período pré-menstrual.

“Indico também o cacau 70%, porque ajuda na compulsão alimentar. A gente nunca pode esquecer da água, fundamental para o corpo funcionar e ajuda a melhorar o inchaço”, encerra Fernanda Carvalho.

01. Água -} melhora no inchaço e na retenção de líquido
02. Morango -} rico em antioxidante e anti-inflamatório. Ajuda a diminuir a dor e melhorar a TPM
03. Melancia -} Potencial hidratante e diurético. Rica em antioxidante e vitaminas A e C
04. Laranja -} Rica em vitamina C e potássio
05. Banana -} Rica em vitamina B6 e deve ser ingerida nos períodos pré-menstrual e menstrual. Ajuda na saciedade e liberação de serotonina, melhorando o humor
06. Aveia -} Tem efeito positivo na inflamação. Regula os níveis de glicose e colesterol, além de ajudar a flora intestinal
07. Linhaça } Ajuda diretamente na TPM
08. Óleo de prímula -} Ajuda a amenizar dores nas mamas durante a fase pré-menstrual
09. Cacau 70% -} Traz saciedade e ajuda a controlar a compulsão alimentar
Fonte: médica ginecologista Fernanda Carvalho