Cobrada por silêncio sobre greve, Tabata diz que movimento foi 'tiro no pé'
'Esse é um instrumento muito importante para ser banalizado', afirmou a deputada federal em entrevista à 'CNN'
Enquanto o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) travavam uma disputa de versões sobre a greve de trens e metrô na cidade de São Paulo, que trouxe transtornos à capital nesta terça-feira, a deputada federal Tabata Amaral (PSB), também pré-candidata à administração municipal no ano que vem, manteve-se em silêncio. Nesta quarta-feira, já após o fim da paralisação, a parlamentar reprovou o movimento, que teria "motivos politiqueiros", mas defendeu o direito dos trabalhadores à greve.
— A greve foi um tiro no pé. Esse é um instrumento muito importante para ser banalizado. As greves são legítimas, mas usá-las assim por motivos politiqueiros diminui a força das lutas dos trabalhadores — afirmou Tabata em entrevista à "CNN".
Na própria terça, Nunes, que tentará a reeleição em 2024, chamou a paralisação de “ideológica” e lembrou o fato de a presidente do sindicato dos metroviários, Camila Lisboa, ser filiada ao PSOL, sigla de Boulos. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), por sua vez, ligou o movimento grevista a interesses eleitorais e disse, durante coletiva, que os sindicatos são controlados por “partidos que pleiteiam disputar a eleição do ano que vem".
Já Boulos adotou um tom moderado nas redes, que é parte de sua estratégia para atrair o eleitorado de centro, e se limitou a cobrar do governador mais diálogo com os grevistas. Em nota, o deputado lamentou a politização da paralisação:
"É lamentável que o governador queira fugir de sua responsabilidade ao atribuir aos outros um problema gerado por ele mesmo e ao tentar partidarizar o debate. Pior ainda é ver um prefeito que abandonou a cidade querer fazer disso (a paralisação) palanque eleitoral", afirmou Boulos.
Na entrevista à "CNN", Tabata buscou minimizar o silêncio mantido por ela enquanto dois dos principais rivais no pleito do ano que vem debatiam o assunto publicamente.
— Não tenho o menor receio em me posicionar, mas quando isso vem para agregar, e não para ganhar like. Um tuíte meu ontem não mudaria nada — argumentou.
Aliados de Boulos afirmaram que, apesar da ligação partidária, ele não tem qualquer ingerência sobre o sindicato, que é "espontâneo e orgânico". Para eles, a tentativa de culpar Boulos pela greve tem como objetivo reforçar a pecha de radical.