ESTÉTICA

Cirurgia plástica faz bem para a autoestima? Saiba quando a mudança provoca o efeito contrário

Isso ocorre, por exemplo, quando a pessoa tem expectativa em melhorar um relacionamento depois da mudança estética

Harmonização - Lookstudio/Freepik

A busca por procedimentos estéticos no rosto e no corpo tem se mostrado cada vez mais presente em diversos países. Desde intervenções menores, como preenchimento labial a cirurgias complexas, como a de aumento dos glúteos, pessoas investem seu tempo e dinheiro para realizar mudanças na sua aparência.

Segundo uma pesquisa publicada na revista científica Plastic and Reconstructive Surgery, o desejo de melhorar a imagem corporal se apresenta como uma das principais razões para a submissão a intervenções cirúrgicas. Além disso, os pesquisadores mostram que pessoas com baixa autoestima ou que sofreram bullying têm maior probabilidade de fazer cirurgia estética.

Para além disso, são diversos os motivos que podem ser relacionados a este aparente crescimento. A multiplicação de clínicas estéticas com valores acessíveis combinados à pressão estética exercida pela convivência em sociedade explicam parte dele.

Consequentemente, as expectativas por trás das decisões de mudar o próprio corpo convergem para uma única coisa: uma suposta melhoria da saúde mental. No entanto, esta questão não é tão simples quanto parece, como expõe Viren Swami, professor de Psicologia Social da Universidade Anglia Ruskin, na Inglaterra, em artigo para o site The Conversation.

"Infelizmente, a resposta a esta pergunta não é clara – e o resultado depende de muitos factores, incluindo alguns que estão fora do nosso controle", escreve o especialista.

Segundo o psicólogo, diversos estudos relacionados aos efeitos psicológicos das cirurgias mostram que existe o aspecto positivo do bem-estar relacionado à mudança na autoestima. Um deles, por exemplo, mostra que a satisfação causada pela rinoplastia (cirurgia na estrutura do nariz) pode durar diversos meses e também ser transformada em uma confiança maior na beleza do rosto inteiro.

Estética (Foto: YuriArcursPeopleimages/Freepik)

No entanto, esse impacto não consegue se estender ao longo dos anos. Pesquisas que analisam o pós-cirúrgico mostraram que os procedimentos cosméticos só melhoram a autoestima curto prazo.

"Quando os pesquisadores olham para as coisas a longo prazo, descobrem que quaisquer melhorias na autoestima imediatamente após um procedimento desapareceram após vários anos", explica.

Viren argumenta que existe um risco pouco comentado da cirurgia estética piorar os problemas de saúde mental existentes. Em um estudo feito com adolescentes noruegueses, foi descoberto que os sintomas de depressão e problemas alimentares pioraram naqueles que fizeram cirurgia estética em comparação com aqueles que não fizeram.

Fatores que afetam diretamente o resultado
De acordo com o psicólogo, alguns fatores podem afetar o resultado de como uma pessoa se sente após realizada a cirurgia estética. São eles:

Grau de complicações pós-operatórias: o que pode dar errado influencia no resultado da mudança, porque impacta diretamente na saúde do indivíduo.

Tempo de recuperação: outro fator relacionado diretamente à satisfação com a imagem corporal é o tempo em que as intervenções demoram para cicatrizar. Pesquisadores mostraram que pacientes que demoraram muito para curar muitas vezes apresentam apenas pequenas melhorias no bem-estar.

Sofrimento psicológico preexistente: pacientes com quadros graves de depressão e ansiedade podem não sentir nenhum benefício com a cirurgia estética.

Influência de relacionamentos na decisão: pessoas que pensam que realizar cirurgias irá salvar a sua relação muitas vezes relatam resultados psicológicos menos favoráveis. Assim como aqueles que o fazem mediante a discordância do parceiro.

"Também é importante fazer sua pesquisa, pensando não apenas nos custos, mas também no impacto que qualquer procedimento pode ter nas pessoas ao seu redor. Descubra o máximo que puder sobre o procedimento que deseja, converse com especialistas e - se decidir ir em frente - certifique-se de escolher um profissional qualificado", conclui o especialista.