RIO DE JANEIRO

"Temos que ter prudência"', diz secretário sobre médicos terem sido mortos por engano no Rio

Polícia Federal já está colaborando com as investigações com ações de inteligência

Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública - Reprodução/Instagram

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli não confirmou a hipótese de que os médicos atacados a tiros em um quiosque da praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, nesta quinta-feira (5), teriam sido executados por engano.

Ele afirmou que a Polícia Federal já está colaborando com as investigações com o fornecimento de um banco de dados. Nesta sexta, Cappelli vai se reunir com o governador Cláudio Castro, no Palácio Guanabara.

— A polícia federal tem um banco de informações bastante robusto e importante sobre as organizações criminosas que atuam no estado do Rio e tem apoiado as investigações da Polícia Civil — disse o secretário.

Na manhã desta quinta-feira, Cappelli participou da reunião com os investigadores das polícias Civil e Federal. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a PF colaborando com ações de inteligência.

 

No encontro com o governador, o objetivo é fazer uma reunião institucional de avaliação das primeiras medidas tomadas pela PF.

O apoio da Polícia Federal nas investigações foi uma orientação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e se deve, segundo ele anunciou pela manhã, ao elo de um dos mortos com os parlamentares Sâmia Bomfim e Glauber Braga (PSOL). Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, é irmão da deputada e cunhado de Glauber. O médico não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital Lourenço Jorge.

"Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio. Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares", escreveu Dino nas redes sociais.

Força Nacional adiada
O ataque aos médicos aconteceu um dia após o Ministério da Justiça adiar o envio da Força Nacional à cidade do Rio. A decisão foi tomada depois de o Ministério Público Federal (MPF) questionar se o apoio policial no estado irá atender aos comandos da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como "ADPF das Favelas".

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro (PRDC/RJ), ligada ao MPF, deu prazo de dez dias para o envio da resposta.

Cappelli informou que respondeu, nesta quarta-feira, ao ofício do procurador do MPF e que agora aguarda uma data ser marcada para a reunião.

— Não vamos mover a Força Nacional enquanto não conversarmos com o MPF. Não vamos fazer nada que possa gerar qualquer questionamento. Na reunião amanhã com o governador, também vamos trocar impressões sobre o que aconteceu e afinar a nossa cooperação para as ações que envolvem o Complexo e outras comunidades — disse o secretário.

Quem eram as vítimas?
Quatro médicos foram alvos de uma tentativa de execução no quiosque da Naná 2, em frente ao Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Três foram mortos, e um ficou ferido.

Eles iriam participar de um congresso de ortopedista no dia seguinte. Os quatro estavam no quiosque, por volta de 1h, quando criminosos armados saíram de um carro e fizeram disparos contra eles. Uma câmera flagrou o momento do ataque.

Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, e Perseu Ribeiro Almeida, de 33, morreram ainda no local. Diego Ralf de Souza Bomfim, de 35, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

Ele é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP). Outro homem, identificado como Daniel Sonnewend Proença, também foi ferido e levado para o Hospital Lourenço Jorge, também na Barra. O estado de saúde dele é estável.