Dezoito migrantes de Venezuela e Haiti morrem em acidente rodoviário no México
Entre as vítimas estão duas mulheres, três crianças e 13 homens; 27 pessoas ficaram feridas
Pelo menos 18 migrantes da Venezuela e do Haiti morreram em um acidente rodoviário no estado mexicano de Oaxaca (sul), nesta sexta-feira (6), que também deixou 27 feridos, informou o Ministério Público deste estado.
"O acidente rodoviário deixou um balanço preliminar de 18 mortos (duas mulheres, 13 homens e três crianças), todas e todos originários de Venezuela e Haiti", informou este órgão em um comunicado.
As autoridades migratórias mexicanas ainda não forneceram informações sobre o ocorrido.
O acidente aconteceu por volta das 5h locais (8h em Brasília), quando o ônibus em que os estrangeiros viajavam perdeu o controle e capotou na rodovia que liga as cidades de Oaxaca e Cuacnopalan, no estado vizinho de Puebla (centro), afirmou o Ministério Público.
"Inicialmente, sabe-se também que há pelo menos 27 passageiros feridos, que foram transferidos para hospitais próximos para atendimento médico", acrescenta o comunicado.
A tragédia ocorre apenas cinco dias depois de outro acidente rodoviário no estado de Chiapas (sul), onde morreram 10 mulheres cubanas que viajavam clandestinamente em um caminhão de carga, incluindo uma menor de idade.
Em 28 de setembro, outros dois migrantes perderam a vida quando um caminhão capotou em um município de Mezcalapa, que viajava em direção ao estado de Veracruz (leste) por uma via expressa que faz ligação com Chiapas.
Em fevereiro, um acidente entre os estados de Puebla e Oaxaca deixou 17 mortos e 15 feridos, incluindo migrantes da Venezuela, Colômbia e da América Central.
O incidente mais grave foi registrado em 2021, quando um caminhão de reboque que transportava mais de 160 migrantes se chocou contra uma ponte em Chiapas, deixando mais de 50 mortos, a maioria centro-americanos.
Rota perigosa
Devido ao reforço da segurança por parte do México para combater o tráfego irregular de migrantes, milhares de pessoas de diferentes nacionalidades atravessam o país em ônibus, reboques, veículos em mau estado ou trens de carga.
No caminho, porém, sofrem acidentes ou ataques de criminosos e, às vezes, das próprias autoridades.
Além dos que percorrem as estradas de forma clandestina, milhares de migrantes permanecem na cidade de Tapachula, em Chiapas, à espera de uma permissão das autoridades mexicanas para poderem transitar pelo país. Outros se arriscam nas cidades que fazem fronteira com os Estados Unidos em busca de um momento oportuno para cruzar a fronteira.
Em meados de setembro, o maior operador ferroviário mexicano suspendeu 30% de suas operações, diante do alto fluxo de estrangeiros sem documentos que embarcam em trens de carga, se expondo a quedas fatais ou à mutilação de membros ao viajarem nestes veículos.
Um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgado em 12 de setembro, revelou que a fronteira entre os EUA e o México foi a "rota migratória terrestre mais perigosa do mundo" em 2022, com 686 mortos ou desaparecidos.
O governo mexicano confirmou que está sobrecarregado pela quantidade de migrantes que cruzam seu território, a grande maioria venezuelanos, cubanos, haitianos e centro-americanos.
Em agosto, um recorde de quase 233 mil pessoas cruzaram a fronteira com o sul dos Estados Unidos e este número continua crescendo em setembro, mês em que as autoridades de imigração mexicanas detiveram mais de 189 mil migrantes.