Coluna Movimento Econômico

BYD e Stellantis fortalecerão a descarbonização no NE

Montadoras vão precisar de novos fornecedores, mas eles precisarão estar alinhados com boas praticas ambientais

BYD lança sua pedra fundamental nesta segunda-feira em Camaçari (BA) - Divulgação BYD

Na próxima segunda-feira, a chinesa BYD, uma das maiores fabricantes de carros elétricos do mundo, promoverá a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da sua futura montadora em Camaçari, na Bahia. Para o estado, será um marco importante, uma reviravolta dois anos após o fechamento da fábrica da Ford, fato que abalou a economia baiana e deixou um rastro de desemprego na região. Para o Nordeste, um avanço na consolidação da região como polo automotivo descarbonizado. 

No Brasil, a BYD vai produzir carros híbridos a etanol, ao contrário do que faz na China. Lá, a maioria dos modelos são híbridos plug-in, ou seja, suas baterias podem ser recarregadas na tomada ou pelo gerador que fica no próprio carro, movido a gasolina. De acordo com a classificação chinesa, esse tipo de veículo é considerado “zero emissões”, embora use combustível fóssil. Mas isso aqui não cola. No Brasil, a BYD vai mesmo ter que entrar na pauta da descarbonização legítima, o que, por tabela, beneficia outra montadora: a Stellantis.

Neoindustrialização
A razão é que a produção de veículos híbridos e 100% elétricos requer novos fornecedores alinhados com a agenda da descarbonização. A Stellantis já comunicou ao mercado sua meta de zerar emissões globais em 2038. Para isso, seus carros precisam ser providos de peças que gerem zero carbono no seu ciclo de produção. 

Fornecedores locais
Stellantis e BYD vão necessitar de fornecedores locais para reduzir custos e otimizar a produção. Pelas contas do setor automotivo, é necessário que a produção de veículos alcance ao menos 200 mil unidades para justificar os investimentos de sistemistas nos supplier parks dessas montadoras. As operações simultâneas nos dois estados farão com que essa conta feche mais facilmente.

Açúcar em alta
As perspectivas para o mercado de açúcar no Brasil são positivas para safra 2023/24. Levantamento da StoneX, rede de serviços financeiros de nível global, apontam para mais um ciclo de preços fortalecidos em reais e em dólar, com maior arbitragem do açúcar frente ao etanol e maior demanda internacional do açúcar brasileiro. No Nordeste, o El Niño trará seca, retraindo a moagem em -5,7%. Ainda assim, segundo João Moura, consultor em gerenciamento de risco da StoneX, haverá boa safra, estimada em 58,1 milhões de toneladas de cana.

Exportação recorde
O impacto do El Niño no cenário internacional, porém, abrirá portas para exportação recorde do açúcar brasileiro, em meio ao aperto na oferta mundial do produto com a quebra de safras em players importantes no hemisfério norte, como a Índia e Tailândia. 

Protagonismo brasileiro
O Brasil responde pela metade das exportações de açúcar do mundo e para os produtores, o momento é excelente. O preço do açúcar alcançou a máxima histórica em reais e os valores mais elevados em dólar nos últimos 12 anos. Na bolsa de NY registra alta de 33% neste ano. Alta que impactou economias diversas, como a da China, que tem estimulado o consumo do adoçante de milho, como via alternativa, influenciando nas transações globais.

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