INOVAÇÃO

Pesquisa da UFPE desenvolve medicamentos contra a candidíase a partir da folha da pitangueira

Estudo foi conduzido pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas da universidade pública

Princípio ativo encontrado nas folhas foi utilizado como base para os medicamentos - Cristiane Solano Mendes/Embrapa

Um estudo científico realizado pelo Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) revelou um novo uso para as folhas da pitangueira, árvore que é predominante na Mata Atlântica.  A pesquisa, que foi conduzida pelo professor Luiz Alberto Lira Soares, apontou que as folhagens podem ser utilizadas para a produção de medicamentos destinados ao tratamento da candidíase vaginal.

Causada pelo fungo Candida, a infecção pode gerar inflamação e coceira intensa, acometendo três em cada quatro mulheres, pelo menos, uma vez ao longo da vida. Para tratar a infecção, o estudo desenvolveu um gel, um creme e um comprimido capazes de combater o fungo, aliviar as inflamações e dores causadas pela candidíase vaginal.

“O destaque dessa pesquisa foi a criação de produtos simples e seguros, feitos a partir de nossa biodiversidade e empregando recursos renováveis”, avaliou o professor Luiz Alberto, que também coordena o Núcleo de Desenvolvimento Analítico e Tecnológico de Fitoterápicos (Nudatef), onde foram realizados os trabalhos.

Atualmente, o tratamento habitual para a candidíase vaginal utiliza insumos farmacêuticos ativos (IFAs) sintéticos de uso oral ou tópico. No entanto, a prescrição indiscriminada pode favorecer o surgimento de cepas multirresistentes

“As dificuldades em tratar as pessoas acometidas com infecções fúngicas representam, além de um problema de saúde pública, um problema econômico que está levando a comunidade científica a buscar novos IFAs de amplo espectro, que apresentem menor toxicidade e baixa ocorrência de efeitos adversos”, destacou o professor.

Os novos medicamentos têm como princípio ativo uma substância encontrada nas folhas da pitangueira. Para a extração, foram utilizados métodos físicos como moagem, secagem e extração com alto cisalhamento. 

Os medicamentos desenvolvidos passaram por diversos testes que comprovaram a capacidade dos produtos de impedir o crescimento dos fungos. Também foram testados critérios como estabilidade, segurança e eficácia.

A pesquisa foi desenvolvida com o apoio do Ministério da Saúde e do CNPq, promovidos por meio de uma Chamada Pública que incentivou ideias que impulsionassem a ciência e a inovação no Brasil com o objetivo de desenvolver fitoterápicos que pudessem ser incluídos no SUS.