CONFLITOS

Militantes que atacaram Israel citam a mesquita de Al-Aqsa

Entenda por que local é foco de conflitos entre judeus e muçulmanos

Homem palestino caminha em frente à mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém - Ahmad Gharabli/AFP

O braço militar do Hamas descreveu o ataque surpresa deste sábado a Israel como uma operação “em defesa da mesquita de Al-Aqsa”, invocando uma disputa em torno de um local de Jerusalém que é sagrado tanto para muçulmanos, como para judeus, e que está entre os mais contestados do mundo.

A mesquita fica numa esplanada de pouco mais de 14 hectares considerada o local mais sagrado do Judaísmo, e o terceiro mais sagrado do Islã. Os muçulmanos chamam a região, que também inclui o santuário da Cúpula da Rocha (ou Domo da Rocha), de Haram al-Sharif, ou Santuário Nobre. De acordo com as escrituras islâmicas, o profeta Maomé viajou de Meca até à mesquita em uma noite para orar e depois ascendeu ao céu.

Já os judeus chamam o local de Monte do Templo, e o consideram sagrado pois é onde ficavam dois templos antigos importantes para a religião, que foram destruídos pelos romanos no ano 70. Como único vestígio, ficou o Muro das Lamentações.

Durante a Guerra Árabe-Israelense de 1967, Israel capturou Jerusalém Oriental e a Cidade Velha, onde fica a esplanada, e depois anexou os locais a seu território. No entanto, a maioria dos países consideram o território ocupado. Por isso, após um acordo, a mesquita passou a ser administrada pelo Waqf, uma organização controlada pela Jordânia.

A mesquita seguiu como um templo para culto de muçulmanos. As forças de segurança israelenses mantêm presença no local, e judeus e cristãos podem visitá-lo, mas durante anos foram impedidos de rezar ali para evitar confrontos. Recentemente, porém, a polícia israelense permitiu discretamente que os judeus passassem a fazer suas orações no local.

Além disso, os nacionalistas religiosos israelenses têm feito uma questão cada vez maior de ir ao local, o que incomoda os palestinos. Neste sábado, a declaração da ala militar do Hamas citou a oração judaica no complexo como uma “agressão” que tinha “atingido um pico nos últimos dias”.

O local tem sido um ponto crítico há muito tempo. A Segunda Intifada, ou Intifada Al-Aqsa, foi uma revolta civil dos palestinos contra Israel que durou anos e teve início na sequência de uma visita de Ariel Sharon, então líder da oposição de direita de Israel, à mesquita no ano de 2000. Mais de três mil palestinos, e mil israelenses, morreram na época.

Os últimos anos trouxeram novos confrontos associados ao local devido a batidas policiais israelenses na mesquita Al-Aqsa. Os ataques ao complexo, que começaram em maio de 2021, contribuíram para desencadear uma guerra de 11 dias naquele ano entre Israel e o grupo Hamas.