REPERCUSSÃO

Analistas veem risco para a inflação global após ataque do Hamas a Israel

Preocupação é que conflito se estenda a países produtores de petróleo, o que elevaria os preços de energia em todo o mundo

Barris de petróleo - Waldemar Brandt / Pexels

Os mercados financeiros globais, ainda sob efeito da preocupação com os juros elevados nos Estados Unidos, terão de enfrentar nesta segunda-feira (9) um novo componente de incerteza: uma crise geopolítica provocada pelo ataque do Hamas a Israel. Se os preços do petróleo subirem, haveria uma pressão inflacionária global, impedindo que os bancos centrais reduzam os juros.

A questão é se o conflito vai se espalhar para outros países da região. O Irã, por exemplo, é um grande produtor de petróleo e aliado do Hamas.

Guillermo Santos, diretor de estratégia na firma de private banking espanhola iCapital, teme que o conflito se estenda a países produtores de petróleo, o que elevaria o preço da commodity, com impacto na inflação global. Isso, explica, significaria juros altos por mais tempo, o que poderia provocar uma recessão.

— As crises geopolíticas no Oriente Médio normalmente fazem os preços do petróleo subirem e os mercados caírem — diz Ed Yardeni, presidente da consultoria Yardeni Research. — Vai depender muito se a crise será de curto prazo ou se vai se tornar algo maior, como uma guerra entre Israel e Irã.

Para George Lagarias, economista-chefe da consultoria Mazars, o maior risco para a economia global é uma “terceira onda de inflação”:

— O aumento das tensões no Oriente Médio poderia puxar para cima os preços de energia e minar os esforços dos bancos centrais em controlar a inflação — afirma Lagarias, para quem “as consequências dessa nova crise podem ser bem mais amplas do que o mercado gostaria.”

O crescimento econômico e a luta contra a inflação darão um passo atrás, diz Gonzalo Lardies, gerente sênior de fundos de ações no banco Andbank:

— Podemos esperar um salto na volatilidade, com a renda fixa voltando a ser um porto seguro.

Já Anthi Tsouvali, estrategista de multimercados na consultoria State Street Global Markets, ressalta que a atual desaceleração da economia global poderia limitar o impacto do conflito. Além disso, diz, a Arábia Saudita pode aumentar sua produção de petróleo para suprir a demanda.