VÍRUS

Gripe aviária: Camboja registra segunda morte em humanos neste ano; veja os riscos no Brasil

Há dois dias, Brasil teve o segundo foco de gripe aviária em mamíferos marinhos

Vìrus da gripe aviária - NIH / NIAD

O Ministério da Saúde do Camboja identificou a morte de um homem de 50 anos por gripe aviária — é a segunda morte pelo vírus registrada no país este ano. O órgão afirmou que os testes realizados na vítima, cuja identificação não foi revelada, deram positivos para o vírus da gripe aviária H5N1 desde 7 de outubro.

As autoridades não especificaram a hora da morte do homem, mas disseram que as autoridades de saúde estão “investigando este caso de gripe aviária”.

As autoridades afirmaram que estão investigando a origem da infecção e examinando casos suspeitos ou pessoas que possam ter estado em contato com a vítima. O ministério ainda disse que cerca de 50 aves, algumas pertencentes ao homem e outras de propriedade de seus vizinhos, morreram recentemente, porém, não revelaram a causa da morte.

“As galinhas mortas foram partilhadas entre os aldeões para comerem”, afirmou o comunicado do Ministério da Saúde.

O caso é o 58º caso registrado de gripe aviária desde que o vírus atingiu o Camboja, há duas décadas. Em fevereiro, uma menina de onze anos morreu em decorrência do vírus.

Há dois dias, o Brasil identificou o segundo foco de gripe aviária em mamíferos marinhos. O caso foi registrado na praia do Hermenegildo, no município de Santa Vitória do Palmar, litoral sul gaúcho, e afetou as espécies leão-marinho-da-patagônia e lobo-marinho-sul-americano.

O primeiro registro da doença envolvendo mamíferos marinhos no país também ocorreu na sexta-feira (6). O foco em leão-marinho-do-sul foi na praia do Cassino, em Rio Grande (RS). Casos em animais da espécie também já foram reportados no Peru, Chile, Argentina e Uruguai.

A recente detecção da doença em vários mamíferos, incluindo raposas, lontras, martas, leões marinhos e até ursos pardos, suscitou preocupações de que os seres humanos possam estar em maior risco.

O que é a gripe aviária?
O vírus H5N1 tem potencial de causar pandemia e, por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que seja rigorosamente monitorado. Ele já matou milhões de aves silvestres e domésticas no mundo, milhares de mamíferos marinhos no Chile, mas há poucos casos em seres humanos. (De 2003 a abril de 2023, apenas 874 pessoas foram infectadas, mas com uma taxa de letalidade em torno de 54%).

Dúvidas e respostas sobre a gripe aviária
Qual o risco para seres humanos?

No momento, ele é considerado baixo porque o H5N1 não se transmite de uma pessoa para outra e sim pelo contato direto com aves mortas ou doentes. Ainda assim, o risco de transmissão é pequeno. Porém, como a doença é altamente letal, é preciso cuidado máximo.

Qual a taxa de letalidade em seres humanos?
De 2003 a abril de 2023, 874 pessoas foram infectadas no mundo e a taxa de letalidade foi de 54%, muito alta.

Por que é considerado de potencial pandêmico?
Porque os vírus influenza têm elevada taxa de mutação e o H5N1 pode sofrer alguma alteração que o torne mais transmissível para seres humanos. Como esses vírus são transmitidos por via respiratória, seu potencial é explosivo.

Existe vacina para a gripe aviária?
Sim. Existe um protótipo de vacina para seres humanos, que poderia ser produzida em maior escala, em caso de necessidade. Esta semana, o Instituto Butantan anunciou que acertará com o Ministério da Saúde a realização de testes clínicos da vacina contra a gripe aviária para seres humanos que pretende produzir este ano em resposta à chegada do vírus ao Brasil.

E as vacinas contra a gripe disponíveis oferecem proteção contra o H5N1?
Não. Mas são eficientes para evitar os vírus influenza que circulam este ano no Brasil, têm causado grande número de casos de gripe e deixam a população mais vulnerável a doenças infecciosas. Até agora a cobertura vacinal está baixíssima devido à pouca adesão da população ao imunizante disponível nas unidades de saúde.

E para as aves existe imunizante?
Há um imunizante, mas até o momento o Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa) optou por não vacinar nas granjas porque a circulação do H5N1 ainda não é expressiva e a vacinação impossibilitaria detectar a entrada do vírus nas criações, já que todas as aves teriam anticorpos, dificultando a distinção entre animais que expostos ao vírus daqueles que foram apenas vacinados.

E para as aves selvagens?
A mesma vacina poderia ser usada, mas sua aplicação em animais de vida livre é inviável.

Que tipo de impacto a gripe aviária pode trazer?
No momento, a maior ameaça é econômica, porque não apenas o país é o mais exportador de frangos, como a avicultura movimentada toda uma cadeia produtiva, da produção de carne e ovos, à produção de vacinas e medicamentos, dentre outros. Para a vida selvagem, pode levar à extinção local de populações de espécies e a um desequilíbrio ambiental. Também é um risco para espécies endêmicas, nas quais o Brasil é rico, caso o vírus se adapte a elas.

Comer carne de aves e ovos transmite o vírus?
Não. Esse risco não existe. O vírus não resiste ao cozimento.

E que cuidados as pessoas devem ter?
Além de evitar o contato com animais doentes e mortos, devem avisar a agentes sanitários sobre ocorrências.