Guerra

Hamas ameaça transmitir a execução de reféns israelenses se bombardeios em Gaza continuarem

Porta-voz do grupo extremista, Abu Obeida, disse responsabiliza Israel pela decisão de matar os cativos

Militante palestino armado conduz homem durante o festival de música que ocorreu em Israel no último sábado - AFP

O Hamas, que lançou uma ofensiva-relâmpago contra Israel no sábado, ameaçou nesta segunda-feira matar reféns caso o Estado judeu continue com os bombardeiros contra a Faixa de Gaza. O grupo extremista armado acrescentou que pretende transmitir as execuções.

"Qualquer ataque a civis inocentes sem aviso prévio será enfrentada infelizmente com a execução de um dos reféns sob nossa custódia, e seremos forçados a transmitir esta execução”, disse Abu Obeida, porta-voz do Hamas.

"Lamentamos esta decisão, mas consideramos que o inimigo sionista (Israel) e a sua liderança tem responsabilidade por isto", afirmou Obeida, de acordo com a rede de televisão Al Jazeera.

Conflito armado
Dezenas de pessoas desaparecidas podem ter sido capturadas em Israel por integrantes do Hamas no último fim de semana. Agora, de acordo com a mídia local, as vítimas estão sendo mantidas em diferentes locais da Faixa de Gaza, e o governo israelense tem se mobilizado para estabelecer o número exato de reféns.

Porta-voz internacional do exército, Richard Hecht disse à CNN que “dezenas” de pessoas foram capturadas. Ele ressaltou que a situação era “complexa”, e que “civis, crianças e avós” estavam entre os desaparecidos. Além dos israelenses, porém, pessoas de outras nacionalidades também estão entre os sequestrados.

As Brigadas Al Qassam, a ala armada do Hamas, alertaram que os ataques israelenses na região podem representar uma ameaça para os reféns — e seu porta-voz, Abu Obaida, disse em mensagem de áudio gravada no sábado que eles estavam presentes “em todos os eixos da Faixa de Gaza”.

Veja o que se sabe sobre os reféns:

Festival de música
Quando o ataque começou, centenas de pessoas que estavam em um festival de música correram pelos campos do Deserto de Negev, próximo à Gaza. Eles tentavam escapar dos pistoleiros do Hamas. Alguns morreram, mas outros foram capturados por sequestradores armados, conforme mostram vídeos nas redes sociais.

Em um deles, é possível ver uma mulher israelense e seu namorado, identificados como Noa Argamani e Avinatan Or, sendo sequestrados. Em outra gravação, a artista germano-israelense Shani Louk é vista inconsciente e sendo exibida por militantes armados em Gaza. À CNN, Ricarda Louk, mãe da vítima, diz ter esperança de encontrar a filha viva.

— O vídeo parece muito ruim, mas ainda tenho esperança. Espero que ela ainda esteja viva em algum lugar. Não temos mais nada pelo que esperar. Estamos tentando acreditar — destacou Ricarda, que também divulgou um vídeo nas redes sociais para apelar por informações sobre Shani.

A fronteira
Membros do Hamas fizeram reféns na comunidade Be'eri e na cidade de Ofakim, a cerca de 32 quilômetros a leste de Gaza. Em discurso transmitido ao vivo no último sábado, o brigadeiro-general Daniel Hagari afirmou que esses locais eram “os principais pontos focais” da crise, e que havia forças especiais com comandantes de alto escalão nos dois.

Um vídeo gravado em Be'eri parece mostrar militantes do Hamas fazendo israelenses de reféns. Moradores da região disseram à emissora Channel 12 que os agressores estavam indo de porta em porta, e que infiltrados fizeram reféns em Netiv HaAsara. As autoridades israelenses ainda não se manifestaram sobre essas denúncias.

Também à CNN, uma mulher disse que estava no telefone com seus filhos, de 16 e 12 anos, que estavam sozinhos em casa. Eles ouviram tiros do lado de fora e pessoas tentando entrar no local. Pelo telefone, ela ouviu o momento em que a porta foi arrombada. Outro pai disse suspeitar que a esposa e suas filhas possam ter sido sequestradas.

Estrangeiros
Conforme divulgado pela CNN, a lista de estrangeiros sequestrados ou desaparecidos é crescente. São ao menos três brasileiros, dois cidadãos mexicanos, um estudante nepalês e um cidadão britânico. Os brasileiros e o britânico Jake Marlowe, de 26 anos, estavam no festival de música. Marlowe, que trabalhava lá como segurança, está desaparecido.

Um número desconhecido de cidadãos norte-americanos está entre os reféns, segundo o embaixador israelense Michael Herozog. Questionado na CBS News se havia americano entre os soldados e civis que o grupo raptou, ele afirmou que sim, embora tenha declarado que não possui detalhes sobre o assunto.

Nesta segunda-feira, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Tailândia afirmou que onze cidadãos tailandeses foram feitos reféns. Ainda de acordo com o órgão, há cerca de 30 mil trabalhadores tailandeses em Israel, e mais de mil solicitaram ajuda para serem evacuados após o ocorrido.