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Israel retoma áreas perto de Gaza e reporta 1.500 combatentes do Hamas mortos em seu território

A guerra chega ao seu quarto dia após a ofensiva surpresa do movimento islamita palestino

Soldados israelenses no sudeste de Israel, próximo à Faixa de Gaza - Jack Guez/AFP

Israel anunciou, nesta terça-feira (10), que havia retomado o controle das áreas em torno da Faixa de Gaza e que recuperou os corpos de cerca de 1.500 combatentes do Hamas mortos em seu território, no quarto dia de guerra após a ofensiva surpresa do movimento islamita palestino, que deixou milhares de mortos.

"Já estamos em meio à campanha, mas isto é apenas o começo. Venceremos com a força, com muita força", advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na noite de segunda-feira.

As forças de segurança "recuperaram mais ou menos o controle da fronteira" com Gaza, mas "as infiltrações podem continuar", disse o porta-voz militar Richard Hecht.

"Cerca de 1.500 corpos de combatentes do Hamas foram encontrados em Israel e ao redor da Faixa de Gaza", acrescentou. Até então, o Exército havia falado em mil homens infiltrados.

Centenas de homens armados do Hamas cruzaram a fronteira com Israel no sábado, apesar da forte segurança, e se infiltraram em localidades do sul. Mataram pessoas em suas casas e sequestraram outras, que foram levadas para a Faixa de Gaza.

Desde então, o Exército israelense bombardeia maciçamente o enclave palestino governado pelo Hamas.

"Hamas é o EI"
Mais de 900 pessoas morreram em Israel desde o início da ofensiva, cerca de 250 delas em um festival de música organizado no deserto perto do enclave, e outras 2.616 ficaram feridas.

Os milicianos também mataram "mais de 100 pessoas" no kibutz de Be'eri, informou à AFP um porta-voz da ONG Zaka, que participou na identificação das vítimas.

Do lado palestino, 765 pessoas morreram nos bombardeios israelenses, e 4.000 ficaram feridas, segundo as autoridades locais.

Quatro jornalistas palestinos perderam a vida em um ataque de Israel a cidade de Gaza nesta terça-feira, informou um sindicato da categoria.

Entre as vítimas mortais em solo israelense, há vários cidadãos de outras nacionalidades: 18 tailandeses, 11 americanos, 10 nepaleses, sete argentinos e quatro franceses, entre outros.

Na segunda-feira, o Hamas ameaçou executar os cerca de 150 reféns sequestrados em Israel, incluindo crianças, mulheres e jovens capturados em um festival de música eletrônica. "Cada ataque contra o nosso povo sem aviso prévio será respondido com a execução de um dos reféns civis", advertiu o braço armado da organização islamita.

O Exército israelense bombardeou o posto fronteiriço de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito, três vezes em 24 horas. Este ponto é a única saída do enclave palestino que não está sob o controle de Israel.

Netanyahu comparou o ataque do Hamas às atrocidades cometidas pelo grupo Estado Islâmico (EI): "Os terroristas do Hamas amarraram, queimaram e executaram crianças (...) São selvagens. O Hamas é o EI", declarou.

Cerco total "proibido"
Na segunda-feira, Israel impôs um "cerco total" à Faixa de Gaza, para que "nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás", nas palavras de seu ministro da Defesa, chegue a este território de 360 km2 onde sobrevivem cerca de 2,3 milhões de palestinos, há 16 anos sob bloqueio israelense.

A ONU alertou que este tipo de medida é "proibida" pelo direito internacional humanitário e que, desde o início deste confronto, mais de 187.500 pessoas dentro da Faixa de Gaza foram obrigadas a deixar o local.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu, por sua vez, a abertura de um corredor humanitário na região para permitir o envio de material médico essencial à população.

A União Europeia (UE) e o Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne diversos países da região, solicitaram um "apoio financeiro duradouro" para os palestinos, em um encontro de Ministros do Exterior no Omã.

Um morador do enclave, Muhammad Najib, de 70 anos, explicou que saiu de casa na segunda-feira após avisos dos israelenses. No dia seguinte, ao retornar ao seu bairro, Al Rimal, ele se deparou com uma "cena aterrorizante".

"Todo o bairro foi devastado, muitas casas foram completamente destruídas. A culpa é das crianças e das mulheres?", questionou ele.

Israel retirou suas tropas e seus colonos do enclave em 2005, após tê-lo ocupado desde 1967. Mantém, contudo, o controle do espaço aéreo e das águas territoriais e impõe, desde 2007, um bloqueio rigoroso, por meio do qual controla todos os bens e pessoas que cruzam a fronteira.

Grande parte da comunidade internacional condenou a ofensiva do Hamas.

Embora tenha afirmado que não têm planos de enviar tropas, os Estados Unidos começaram a enviar, no domingo, ajuda militar a Israel e a direcionar sua frota aeronaval para o Mediterrâneo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu, por sua vez, que as preocupações de Israel sobre sua segurança são "legítimas", mas disse estar "profundamente angustiado" com o anúncio das autoridades israelenses de impor um "cerco total" ao enclave palestino.

No Irã, o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, negou mais uma vez o envolvimento de seu país na operação do Hamas, ao mesmo tempo em que reafirmou o apoio "à Palestina".