Família de artista alemã raptada pelo Hamas cobra ajuda do governo alemão para resgate
Shani Louk aparece em vídeo deitada na caçamba de uma caminhonete, cercada por extremistas; mãe diz que ela foi achada viva, mas em estado grave, em hospital de Gaza
A família da artista germano-israelense Shani Louk, que foi raptada e carregada seminua num veículo com extremistas do Hamas, no último sábado (7), apelou ao governo alemão que ajude no resgate da DJ. Em entrevista ao programa alemão ZDF heute, a tia de Louk, Orly Louk, e o seu tio Wilfried Gehr criticaram Berlim por supostamente ignorar os contatos de parentes da jovem de 22 anos.
"Há três dias que imploramos ajuda ao governo alemão. Estamos inquietos e totalmente decepcionados porque o governo federal não se sente responsável. Um [funcionário] do Ministério das Relações Exteriores disse que não tem tempo porque precisa remarcar voos. Isso me deixa com muita raiva" afirmou Orly Louk.
Shani Louk continua viva, de acordo com sua mãe; Ricarda Louk afirmou ao jornal alemão Bild que recebeu notícias de que a jovem de 22 anos resistiu aos ferimentos, mas está gravemente ferida.
"Agora temos evidências de que Shani está viva, mas tem um grave ferimento na cabeça e está em estado crítico. Cada minuto é importante. Vocês têm que agir rápido e resgatar Shani da Faixa de Gaza! Não deveríamos discutir sobre questões de jurisdição agora" afirmou Ricarda.
A mãe de Shani havia confirmado, anteriormente, que era sua filha quem aparecia nas imagens que circularam nas redes sociais por meio das tatuagens e dos dreads no cabelo da mulher.
Parentes da jovem destacaram à mídia internacional que ela "era pacifista" e conhecida por seu envolvimento na organização de festivais de música.
A artista tem passaportes israelense e alemão, mas foi criada em Israel, onde o alistamento militar é obrigatório. Tia de Shani, Orly Louk destacou ao diário alemão "Der Spiegel" que a sobrinha se recusou a servir ao Exército israelense "por conta de suas opiniões" em defesa da paz.
Shani Louk participava de um festival perto da Faixa de Gaza quando extremistas do Hamas invadiram territórios israelenses, num ataque-surpresa que já deixou mais de mil mortos. Após a ofensiva, pelo menos 260 corpos no local onde ocorreu a edição israelense da rave, segundo a organização de resgate Zaka.
Ao ver as primeiras notícias sobre o ataque, Ricarda diz ter telefonado "desesperadamente" para garantir que sua filha estava num local seguro.
"Comecei a ligar para ela para saber onde ela estava, se estava perto de um local seguro. Ela disse que estava em um festival no sul e estava entrando em pânico" relembrou.
A preocupação da família aumentou com o vídeo da artista na caçamba de uma caminhonete, cercada por extremistas. De acordo com Ricarda, depois de levarem Shani para a Faixa de Gaza, os homens ainda tentaram, por várias vezes, usar o cartão de crédito dela.
Os combates entre o Exército de Israel e os guerrilheiros do Hamas continuam, nesta segunda-feira (9), quando autoridades israelenses afirmam ter retomado todas as localidades invadidas por extremistas palestinos no sul do país. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram que participantes da rave precisaram correr pelo deserto para escapar de bombas e tiros.